O Estado de S. Paulo

Secretária-geral do PSL em São Paulo é afastada do cargo

Decisão de retirar Letícia Catel da campanha foi tomada por Gustavo Bebianno, presidente da sigla, após desavenças

- Constança Rezende / RIO

A poucos dias da eleição, a secretária-geral do PSL em São Paulo, Letícia Catel, foi afastada do cargo. A decisão foi tomada pelo presidente do partido de Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno, depois de desavenças com a empresária. Ela continua filiada à sigla.

Após a decisão, Letícia foi barrada na porta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Bolsonaro está internado desde o dia 7. O controle de acesso ao candidato tem sido organizado por Bebianno. Eles não quiseram comentar o caso.

Letícia era responsáve­l pela área administra­tiva do partido. Ela cuidava, por exemplo, dos registros dos cerca de 200 candidatos em São Paulo. Também era presidente da comissão de ética e uma das principais interlocut­oras entre os candidatos e a cúpula da sigla.

Quando ganhou espaço dentro do PSL, passou a fazer reuniões diretament­e com Jair Bolsonaro, que conheceu por meio de um dos filhos do candidato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Essa movimentaç­ão em torno do presidenci­ável começou a incomodar Bebianno, segundo pessoas próximas a ele.

Letícia ainda teria ignorado ordens da presidênci­a, fazia eventos sem consultar a cúpula e teria telefonado para Paulo Guedes, responsáve­l pelo programa econômico de Bolsonaro, para dizer que ele deveria ir a uma entrevista na TV – opinião contrária à de integrante­s da sigla.

“Em vez de cuidar da parte burocrátic­a, ela começou a fazer articulaçõ­es, criando uma série de problemas”, disse um integrante da cúpula.

Viagens. A relação entre Letícia e o presidente do PSL em São Paulo, o deputado federal Major Olímpio, também se deteriorou depois que a empresária se tornou “voz ativa” na sigla. Viagens dela junto com o candidato a vice, general Hamilton Mourão, em agendas pelo Sul do País também desagradar­am à cúpula do PSL.

A movimentaç­ão teria sido feita justamente no período em que Mourão tentou ocupar um espaço na campanha, enquanto Bolsonaro estava no hospital e Bebianno, isolado. Major Olímpio não comentou.

Eleitores criticaram a saída da empresária na página de Bebianno no Instagram. Um dos usuários escreveu: “Tem que trazer a Letícia de volta, o movimento JB17 é mais forte unido”.

Nos bastidores, Eduardo Bolsonaro estaria trabalhand­o para que a saída de Letícia seja revertida. Ele não comentou.

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MARCOS ALVES/AGÊNCIA O GLOBO Saída. Letícia se desentende­u com a cúpula do partido

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