PF faz buscas em imóveis de Ciro Nogueira
Operação tem origem na delação de executivos da Odebrecht; senador do PP é investigado por repasses para campanha
A Polícia Federal (PF) cumpriu ontem dois mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em imóveis em Teresina (PI). Os endereços são ligados ao senador Ciro Nogueira (PP).
As ordens judiciais foram requeridas pela PF nos autos de inquérito em andamento que apura os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A apuração tem origem na delação de executivos da Odebrecht.
Segundo a PF, as investigações tiveram início com acordos de colaboração premiada firmados por executivos da empreiteira com a ProcuradoriaGeral da República e que apontaram os caminhos percorridos pelos valores que teriam sido desviados de obras públicas concedidas à empresa.
As suspeitas no inquérito, sob a relatoria do ministro Edson Fachin, são de que Nogueira procurou executivos da Odebrecht em 2010 e 2014 pedindo repasses financeiros a pretexto de sua campanha eleitoral e também para o Partido Progressista
(PP), do qual hoje é presidente.
Segundo os relatos, no ano de 2010, teria o senador recebido a importância de R$ 300 mil da empreiteira, valor não contabilizado e pago pelo setor de Operações Estruturadas do grupo Odebrecht (o departamento de propina), com registro no sistema “Drousys”. Nele, a identificação do beneficiário era feita por meio do codinome “Cerrado”. No ano de 2014, o parlamentar teria recebido, outros R$ 1,3 milhão em duas parcelas, pagos da mesma forma por meio de operações não contabilizadas.
As informações que baseiam a investigação foram reveladas pelos ex-executivos da Odebrecht José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Carlos José Fadigas de Souza Filho em colaboração premiada.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que defende o senador, afirmou que o inquérito com a delação da Odebrecht é antigo e criticou a ação da PF.
“O Inquérito esta aberto no Supremo Tribunal ha 18 meses. A Defesa indaga o porquê de ser determinada busca e apreensão contra o PP há 10 dias das eleições? Obviamente não havia necessidade e urgência para esta medida neste momento. Embora o Senador não seja alvo da medida de busca o prejuízo eleitoral é evidente. Mais uma vez enfrentamos a criminalização da política, com o agravante que agora estamos em pleno processo eleitoral.”
Outro lado.