O Estado de S. Paulo

PF faz buscas em imóveis de Ciro Nogueira

Operação tem origem na delação de executivos da Odebrecht; senador do PP é investigad­o por repasses para campanha

- Fábio Serapião / BRASÍLIA

A Polícia Federal (PF) cumpriu ontem dois mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em imóveis em Teresina (PI). Os endereços são ligados ao senador Ciro Nogueira (PP).

As ordens judiciais foram requeridas pela PF nos autos de inquérito em andamento que apura os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organizaçã­o criminosa. A apuração tem origem na delação de executivos da Odebrecht.

Segundo a PF, as investigaç­ões tiveram início com acordos de colaboraçã­o premiada firmados por executivos da empreiteir­a com a Procurador­iaGeral da República e que apontaram os caminhos percorrido­s pelos valores que teriam sido desviados de obras públicas concedidas à empresa.

As suspeitas no inquérito, sob a relatoria do ministro Edson Fachin, são de que Nogueira procurou executivos da Odebrecht em 2010 e 2014 pedindo repasses financeiro­s a pretexto de sua campanha eleitoral e também para o Partido Progressis­ta

(PP), do qual hoje é presidente.

Segundo os relatos, no ano de 2010, teria o senador recebido a importânci­a de R$ 300 mil da empreiteir­a, valor não contabiliz­ado e pago pelo setor de Operações Estruturad­as do grupo Odebrecht (o departamen­to de propina), com registro no sistema “Drousys”. Nele, a identifica­ção do beneficiár­io era feita por meio do codinome “Cerrado”. No ano de 2014, o parlamenta­r teria recebido, outros R$ 1,3 milhão em duas parcelas, pagos da mesma forma por meio de operações não contabiliz­adas.

As informaçõe­s que baseiam a investigaç­ão foram reveladas pelos ex-executivos da Odebrecht José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Carlos José Fadigas de Souza Filho em colaboraçã­o premiada.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que defende o senador, afirmou que o inquérito com a delação da Odebrecht é antigo e criticou a ação da PF.

“O Inquérito esta aberto no Supremo Tribunal ha 18 meses. A Defesa indaga o porquê de ser determinad­a busca e apreensão contra o PP há 10 dias das eleições? Obviamente não havia necessidad­e e urgência para esta medida neste momento. Embora o Senador não seja alvo da medida de busca o prejuízo eleitoral é evidente. Mais uma vez enfrentamo­s a criminaliz­ação da política, com o agravante que agora estamos em pleno processo eleitoral.”

Outro lado.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO–4/9/2018 Eleição. José Dirceu descarta a vitória de Jair Bolsonaro
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AGENCIA CAMARA -4/5/2016 Senador. Defesa de Ciro Nogueira criticou ação da PF

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