Alunos de Yale debatem cultura do assédio
Alunos e membros da Faculdade de Direito da Universidade Yale lotaram a maior igreja do câmpus para debater sobre as acusações de abuso contra o novo indicado para a Suprema Corte, o juiz Brett Kavanaugh, que se formou na universidade em 1990. A reunião aconteceu depois de um e-mail que um grupo de estudantes enviou, afirmando que a nomeação de Kavanaugh havia exposto “toda a cultura de elitismo legal da escola e sua obsessão com o poder”.
Trata-se de uma mudança abrupta. Dias depois da indicação de Kavanaugh, em junho, o site da universidade alardeou que, se confirmado no posto, ele seria o quarto membro da Suprema Corte que frequentou Yale. Agora, depois das recentes acusações ligadas à escola, os autores do e-mail afirmaram que muitos estudantes se sentiam “contrariados, desiludidos e frustrados com a ambivalência da instituição”.
Mea-culpa. A Faculdade de Direito de Yale, considerada uma das melhores dos EUA, está em um processo de mea-culpa existencial, provocado pelas acusações contra Kavanaugh, e também pela confluência de outras controvérsias de caráter sexual envolvendo Yale.
Harold Hongju Koh, professor e ex-diretor da Faculdade de Direito, disse que o tumulto foi como poucos que presenciou desde que começou a lecionar em Yale, em 1985. “É um momento tenso no país. E também na universidade. Mas acho que é bastante saudável e necessário. As instituições de elite estão muito acomodadas. Afinal, quem somos nós? O que defendemos? Estamos sendo fiéis aos nossos valores?”, questionou. “Esta é uma luta constante para definir a identidade da instituição à medida que os tempos mudam.” /