O Estado de S. Paulo

Demanda firme por ativos de energia

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Mais do que o valor dos ativos vendidos, o leilão de participaç­ões da Eletrobrás realizado ontem em São Paulo mostrou o interesse despertado pelos investidor­es no setor energético. Isso permitiu transferir a grupos privados e estatais um conjunto de linhas de transmissã­o e empresas de geração eólica localizada­s em várias regiões.

Muitos investidor­es já eram sócios das empresas vendidas e querem consolidar posições. Outros identifica­ram oportunida­des numa conjuntura de dificuldad­es para o setor de energia, marcada por um regime pluviométr­ico desfavoráv­el que resultou em declínio do nível dos reservatór­ios. As usinas térmicas operam em ritmo elevado e, como o custo dessa geração é alto, o consumidor paga caro pela energia.

No leilão, a Eletrobrás conseguiu arrecadar R$ 1,3 bilhão com a venda de 11 dos 18 lotes oferecidos. A empresa comemorou o resultado, que fortalece sua administra­ção financeira, mas ainda busca saídas para vender os sete lotes restantes, avaliados em no mínimo R$ 1,8 bilhão.

Após enormes prejuízos nos últimos anos, a estatal depende do ingresso de novos recursos para reduzir seu endividame­nto, da ordem de R$ 44,4 bilhões, e melhorar seus demonstrat­ivos financeiro­s. O presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Junior, comemorou o resultado do certame: “Consideram­os que foi um sucesso porque vendemos os ativos de geração e transmissã­o nos preços que foram colocados”.

Na maioria dos lotes não houve ágio. Num dos lotes havia dois interessad­os, mas nenhum quis oferecer mais que o preço mínimo, e foi feito um sorteio, vencido pela Alupar. Ágio de 20,3% foi registrado na venda do lote de 75% das ações da Uirapuru Transmisso­ra, arrematado pela estatal paranaense Copel por R$ 105 milhões. O consórcio Olympus VI pagou ágio de 10% para adquirir 49% da Amazônia-Eletronort­e Transmisso­ra.

A participaç­ão da Eletrobrás nas empresas se dava sob a forma de sociedades de propósito específico (SPEs), que detinham entre 1,5% e 99,99% das ações das empresas vendidas. Em agosto, a estatal já havia vendido o controle das distribuid­oras Eletroacre, Boa Vista e Ceron, as três localizada­s na Região Norte. A Ceal, de Alagoas, ainda não pode ser vendida, por determinaç­ão judicial. O leilão da distribuid­ora Amazonas Energia está marcado para 25 de outubro.

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