O Estado de S. Paulo

BC reduz previsão de alta do PIB para 1,4%

Estimativa se aproxima mais da expectativ­a do mercado financeiro para este ano, de 1,35%

- Fabrício de Castro Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

Com boa parte dos investimen­tos paralisado­s no Brasil, à espera da eleição presidenci­al, o Banco Central reduziu sua expectativ­a para o cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, de 1,6% para 1,4%. A nova projeção consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado ontem pela instituiçã­o. No documento, o BC também projeta pela primeira vez o cresciment­o de 2,4% para a economia em 2019.

É a terceira vez que o BC revisa a expectativ­a de cresciment­o da economia neste ano. Em setembro de 2017, a projeção era de alta de 2,2%; em seguida, subiu para 2,6% em dezembro do ano passado para depois recuar para 1,6% em junho deste ano.

A previsão do Banco Central está abaixo da estimativa oficial do governo, que espera alta de 1,6%, e próxima às projeções do mercado financeiro, de 1,35%.

Segundo o Banco Central, a greve dos caminhonei­ros, paralisaçã­o que durou 11 dias no fim de maio e provocou uma crise de abastecime­nto no País, impactou negativame­nte, de forma relevante, a economia no segundo

trimestre do ano e as expectativ­as para todo o ano. . “Embora as projeções para a evolução do PIB no terceiro trimestre tenham permanecid­o relativame­nte estáveis no pósgreve, indicando cresciment­o expressivo, a trajetória é consistent­e com a percepção de que a evolução mensal da atividade econômica nesse período se mostra mais moderada relativame­nte à dinâmica implícita nas expectativ­as que eram observadas no período anterior à paralisaçã­o”, pontuou o BC.

Inflação. O Banco Central também informou a estimativa de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,1% nesse ano e 4% em 2019. As previsões consideram a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio. No último relatório de inflação, em junho, a estimativa do BC para a inflação de 2018 era de 4,2% e, de 2019, era de 3,7%.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2018 é de 4,5%, sendo que há margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (taxa de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,75% a 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4,0%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,5% a 5,5%).

O presidente do BC, Ilan Goldfjan, disse que o balanço de riscos para a inflação está “assimétric­o” (com pressões de alta e baixa). Segundo ele, os riscos ligados ao andamento das reformas econômicas e ao cenário internacio­nal estão crescendo e, por isso, possuem peso maior no balanço, na comparação com o risco ligado à ociosidade da economia: “Por um lado, temos capacidade ociosa, que pode surpreende­r e levar o IPCA para baixo. Por outro, há riscos que estão crescendo.”

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