BC reduz previsão de alta do PIB para 1,4%
Estimativa se aproxima mais da expectativa do mercado financeiro para este ano, de 1,35%
Com boa parte dos investimentos paralisados no Brasil, à espera da eleição presidencial, o Banco Central reduziu sua expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, de 1,6% para 1,4%. A nova projeção consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado ontem pela instituição. No documento, o BC também projeta pela primeira vez o crescimento de 2,4% para a economia em 2019.
É a terceira vez que o BC revisa a expectativa de crescimento da economia neste ano. Em setembro de 2017, a projeção era de alta de 2,2%; em seguida, subiu para 2,6% em dezembro do ano passado para depois recuar para 1,6% em junho deste ano.
A previsão do Banco Central está abaixo da estimativa oficial do governo, que espera alta de 1,6%, e próxima às projeções do mercado financeiro, de 1,35%.
Segundo o Banco Central, a greve dos caminhoneiros, paralisação que durou 11 dias no fim de maio e provocou uma crise de abastecimento no País, impactou negativamente, de forma relevante, a economia no segundo
trimestre do ano e as expectativas para todo o ano. . “Embora as projeções para a evolução do PIB no terceiro trimestre tenham permanecido relativamente estáveis no pósgreve, indicando crescimento expressivo, a trajetória é consistente com a percepção de que a evolução mensal da atividade econômica nesse período se mostra mais moderada relativamente à dinâmica implícita nas expectativas que eram observadas no período anterior à paralisação”, pontuou o BC.
Inflação. O Banco Central também informou a estimativa de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,1% nesse ano e 4% em 2019. As previsões consideram a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio. No último relatório de inflação, em junho, a estimativa do BC para a inflação de 2018 era de 4,2% e, de 2019, era de 3,7%.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2018 é de 4,5%, sendo que há margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (taxa de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,75% a 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4,0%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,5% a 5,5%).
O presidente do BC, Ilan Goldfjan, disse que o balanço de riscos para a inflação está “assimétrico” (com pressões de alta e baixa). Segundo ele, os riscos ligados ao andamento das reformas econômicas e ao cenário internacional estão crescendo e, por isso, possuem peso maior no balanço, na comparação com o risco ligado à ociosidade da economia: “Por um lado, temos capacidade ociosa, que pode surpreender e levar o IPCA para baixo. Por outro, há riscos que estão crescendo.”