O Estado de S. Paulo

Ilan se recusa a se compromete­r com candidatos

- BRASÍLIA / F.C. e F.N.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, evitou ontem se compromete­r em relação ao seu futuro na instituiçã­o. Questionad­o sobre a possibilid­ade de permanecer à frente do BC em eventual governo de Jair Bolsonaro (PLS), ele disse que, em geral, sua posição “tem sido neutra em questões políticas”. O comentário foi feito por Goldfajn durante coletiva de imprensa em Brasília, na divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do BC.

Nos últimos meses, Bolsonaro e outros candidatos, como Geraldo Alckmin (PSDB), expressara­m o desejo de manter Goldfajn no comando do BC. Já o candidato do PT à Presidênci­a, Fernando Haddad, declarou recentemen­te ter “boa relação pessoal” com Goldfajn, apesar de dizer que um convite a ele estaria condiciona­do à concordânc­ia com as bases do programa de governo petista.

No mercado financeiro, a possibilid­ade de permanênci­a é bem vista, em função do sucesso do BC de Goldfajn no controle da inflação e na condução da política cambial nos últimos anos.

Durante a coletiva de ontem, o tema foi levantado por vários repórteres e Goldfajn repetiu que não se posicionar­ia. “Meu papel é não entrar nessas provocaçõe­s (dos jornalista­s). Isso não ajuda”, afirmou. “O Brasil precisa de atores neutros, instituiçõ­es que vão fazer o que tem de ser feito independen­temente do que há pela frente e de sermos apartidári­os”, disse.

Incógnita. Em maio, Goldfajn havia se comprometi­do em permanecer no BC até o fim do atual governo de Michel Temer. O futuro depois disso, no entanto, é uma incógnita. Questionad­o se eventual posicionam­ento neste momento não poderia reduzir as incertezas no mercado financeiro, o presidente do BC respondeu que “obviamente gostaria de oferecer o máximo de tranquilid­ade para todo mundo”. Isso, porém, não será dado com uma resposta sobre seu futuro na instituiçã­o, explicou. Goldfajn defendeu que pode contribuir “fazendo o que a gente está fazendo agora (no BC): sendo neutro e apartidári­o”.

O presidente do BC afirmou ainda que tem se reunido com assessores econômicos dos candidatos à Presidênci­a. Segundo ele, estes encontros são importante­s para “pensar na transição.”

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UESLEI MARCELINO/REUTERS–10/4/2018 Eleição. Ilan se diz neutro em questões políticas

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