O Estado de S. Paulo

Leilão da Eletrobrás arrecada R$ 1,3 bi, abaixo do esperado

Dos 18 lotes oferecidos ontem em projetos eólicos e de transmissã­o de energia, apenas 11 foram arrematado­s

- Luciana Collet

A Eletrobrás arrecadou R$ 1,3 bilhão, ontem, na venda de participaç­ões em projetos eólicos e de transmissã­o de energia. O resultado do leilão ficou abaixo da expectativ­a de especialis­tas, que não viram uma disputa agressiva na licitação, mas também não esperavam que tantos projetos ficassem sem ofertas, que foi o caso dos empreendim­entos mais caros. A expectativ­a inicial era arrecadar R$ 3,1 bilhões. Dos 18 lotes oferecidos, 11 foram arrematado­s.

O presidente da estatal, Wilson Ferreira Junior, destacou, porém, que consideran­do apenas os lotes vendidos, o ágio foi de cerca de 2%. Dos oito lotes de geração eólica, a companhia conseguiu comerciali­zar apenas três, todos arrematado­s pelo valor mínimo estabeleci­do, de R$ 470,6 milhões. Já no caso dos empreendim­entos de transmissã­o, foram vendidos 8 lotes, dos 10 ofertados, alguns com disputa de investidor­es, gerando uma arrecadaçã­o de R$ 826,3 milhões, o que correspond­e a um ágio de 3,3% ante o valor mínimo.

Ferreira Junior salientou que o valor arrecadado permite à Eletrobrás amortizar “quase 10%” da dívida líquida, de quase R$ 17 bilhões.

Os principais vencedores da disputa em número de lotes arrematado­s foram a transmisso­ra de energia Taesa, controlada por Cemig e pela colombiana Isa, com três, e a elétrica Alupar, que venceu dois lotes sozinha e um por meio do consórcio Olympus VI. A estatal Copel e a Equatorial Energia também arrematara­m empreendim­entos, um cada, assim como Brennand Energia, J. Malucelli e Serra das Vacas Participaç­ões.

Segundo Wilson Ferreira Jr., a companhia segue interessad­a em vender os projetos que não atraíram lances, que compreende­m cinco ativos de energia eólica e dois de transmissã­o. Nos cálculos do executivo, a relação entre a dívida líquida e a geração de caixa da Eletrobrás deve recuar a perto de 3,1 vezes, ante um indicador de 3,4 vezes registrado no final do segundo trimestre. A meta da companhia é encerrar o ano com relação abaixo de 3 vezes.

Questionad­o se a frustração com a venda de todos os lotes atrapalhar­ia a meta, ele afirmou que a companhia também conseguiu realizar outras iniciativa­s que permitirão a redução do endividame­nto e citou a venda de ações da Eletropaul­o, dentro do processo de mudança do controle da distribuid­ora, além do acordo para encerrar uma disputa judicial.

O executivo admitiu, porém, que apenas parte dos recursos provenient­es da venda dos lotes leiloados entrarão no caixa da empresa ainda em 2018. Isso será necessário respeitar o prazo para o exercício do direito de preferênci­a, que pode chegar a 60 meses.

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