PEQUENAS EMPRESAS RUMO À INDÚSTRIA 4.0
NEGÓCIOS DE PEQUENO PORTE INICIAM PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO EM BUSCA DE GANHOS DE PRODUTIVIDADE
Pequenos e médios empresários brasileiros começam a dar os primeiros passos no rumo da indústria 4.0 – a integraçzo do mundo físico com o virtual por meio de tecnologias digitais como internet das coisas, big data e inteligência artificial. É o caso da Docile, empresa que tem 87 funcionários na unidade de Vitória de Santo Antzo (PE). Em maio, foi iniciado o processo de digitalizaçzo da fábrica com a meta de elevar a sua produtividade.
Os equipamentos da indústria, especializada na produçzo de balas de goma, pastilhas, chicles, balas de gelatina, marshmallows e refrescos em pó, receberam sensores que emitem informações sobre seu funcionamento e o volume de produçzo. Os dados szo todos armanezados em nuvem. Por meio de tablets, os funcionários também conseguem acompanhar os indicadores e tomar providências, em tempo real, caso seja necessário.
Já foi possível perceber, por exemplo, que o número de paradas nas máquinas por motivos técnicos estava acima do imaginado. O gerente da fábrica, Eduardo Cima, acredita que terá ganhos em produtividade quando corrigir esse problema. “O nível de informaçzo oferecido pelo sistema é muito interessante. Detectamos várias pequenas paradas e entendemos que a soma delas é impactante. Acreditamos que vamos ter resultados muito voltados ao aumento da produtividade”, aposta.
SENSORES
O uso de robôs inteligentes é a face mais visível do que já se considera a quarta revoluçzo industrial. Mas nzo é a única forma de o empresariado brasileiro tirar proveito da evoluçzo tecnológica, explica Rafael Lucchesi, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), instituiçzo responsável pela digitalizaçzo na Docile e que já possui um conjunto de serviços voltados à atualizaçzo da indústria.
Segundo ele, especialmente os pequenos e médios empresários devem iniciar o processo com medidas mais simples e baratas, como uso de sensores. Kits básicos custam em torno de R$ 3 mil. “Ao utilizar diferentes técnicas, tecnologias e equipamentos digitais do que se denomina indústria 4.0, é possível, além de compreender melhor o processo produtivo, prever comportamentos futuros, como quebras de equipamentos, com impactos positivos sobre a produtividade”, afirma Lucchesi.
Estudos da consultoria McKinsey apontam que podem chegar a 26% os ganhos em produtividade com uso de novas tecnologias digitais – a produtividade do Brasil cresceu menos do que a dos principais parceiros comerciais nos últimos anos, de acordo com estudo da Confederaçzo Nacional da Indústria (CNI).
Na avaliaçzo do gerente-executivo de Inovaçzo e Tecnologia do SENAI Nacional, Marcelo Prim, o desconhecimento sobre o assunto é hoje o principal obstáculo à inserçzo do pequeno empresário na indústria 4.0. “O custo da tecnologia está baixo, e o acesso aos métodos está facilitado. Por isso, é preciso desmitificar os conceitos e mostrar que a indústria 4.0 nzo é apenas para as grandes empresas. Ao contrário, é uma oportunidade principalmente para as pequenas se tornarem mais produtivas”, diz ele.
PILOTOS
A fim de refinar um método de baixo custo, alto impacto e rápida implementaçzo da indústria 4.0, o SENAI realiza pilotos com 56 pequenas e médias empresas. Szo testadas técnicas de internet das coisas, sensoriamento, computaçzo na nuvem e analytics que permitem intervir nos processos produtivos com maior agilidade. A instituiçzo também lançou recentemente um guia com cinco passos que as empresas devem seguir para se inserir na indústria 4.0.
Empresários interessados no tema ainda podem fazer um diagnóstico gratuito do estágio tecnológico de suas empresas na plataforma SENAI 4.0 (senai40.com.br), lançada este ano. A avaliaçzo serve de base para a elaboraçzo de um plano individualizado de atualizaçzo tecnológica, também oferecido gratuitamente. Além disso, já está disponível, sem qualquer custo, o curso online “Desvendando a Indústria 4.0”, destinado a explicar conceitos, oportunidades e riscos da quarta revoluçzo industrial.
GANHOS EM PRODUTIVIDADE PODEM CHEGAR A 26% COM USO DE NOVAS TECNOLOGIAS DIGITAIS