Quando a diversificação é o FATOR DE SUCESSO
O Grupo Raízen é o líder da análise que avalia os grupos empresariais que mais se destacam no País. Portfólio diversificado e integração das expertises são a chave do sucesso dessas corporações
No Brasil existem mais de 6,4 milhões de empresas em operação. Dessas, mais de 99% são micro e pequenas, e menos de 1% é formado por grandes corporações que têm o poder de sozinhas causar impacto profundo nos setores em que atuam e até na economia brasileira. Para avaliar a atuação desses grandes conglomerados, o ranking Estadão Empresas Mais identifica, pela primeira vez, os grupos empresariais que mais influenciam o País. O que eles têm em comum? Como operam e em que investem? Com qual propósito?
Para chegar a essa seleção de gigantes, o estudo fez análises separadas das empresas individuais e de holdings. O objetivo foi tornar o levantamento mais próximo da realidade dos setores econômicos e reconhecer a atuação de grandes conglomerados. As respostas apontam que o sucesso desse perfil de grupos esteve sustentado por três ações principais: aumento e diferenciação de portfólio, maior integração das expertises aplicadas em cada área de atuação e investimento em governança corporativa, além de busca pelo crescimento sustentável e otimização de recursos.
Segundo o levantamento, quem melhor desempenhou essas ações e conseguiu chegar a resultados mais expressivos foi o Grupo Raízen, que atua nos setores de distribuição de combustíveis, cogeração de energia, açúcar e etanol. Por ano, a companhia produz 2 bilhões de litros de etanol e 4,2 milhões de toneladas de açúcar, e comercializa 3,9 TWh de energia. O faturamento é de R$ 86,2 bilhões, e o lucro líquido alcança os R$ 2,31 bilhões.
O grupo surgiu em 2011 e é uma joint venture entre Cosan e Shell. De acordo com Luís Henrique Guimarães, presidente do Grupo Raízen, a companhia foi construída para atuar em todas as frentes de sua cadeia de negócios. “Somos uma empresa do campo ao posto”, define Guimarães. E, para manter o ritmo de crescimento, não pode deixar de estar inovando sempre. Deve criar, por exemplo, a primeira planta do mundo capaz de converter, em escala comercial, subprodutos da cana-de-açúcar em biogás. O objetivo é gerar eletricidade a partir da torta de filtro, resíduo presente na decantação necessária para a produção de açúcar. Rica em nutrientes, ela tem sido usada como adubo. Outra matéria-prima na nova planta do grupo é a vinhaça, subproduto oriundo da destilação associada à produção do etanol. Esses dois componentes serão associados a microrganismos para gerar gás, que será queimado e transformado em energia. Anunciada no fim de agosto, a iniciativa é uma união entre a Raízen e a GEO Energética e é estimulada pela tendência de mudança no modelo energético no mundo todo e pela RenovaBio, lei que incentiva a produção de etanol e biodiesel e estabelece metas anuais de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. Serão investidos R$ 153 milhões na unidade Bonfim, em Guariba (SP), onde a Raízen já opera.
Guimarães ressalta a importância da diversificação de portfólio e da diferenciação de produtos, como o etanol de segunda geração, feito da palha e do bagaço da cana-de-açúcar. A Raízen já produz 12 milhões de litros anualmente em uma usina em Piracicaba, no interior de São Paulo, cuja capacidade é de 42 milhões de litros. Segundo a companhia, o etanol de segunda geração pode aumentar a fabricação do álcool em até 50% sem precisar ampliar a área de cultivo. Também é possível produzir mesmo durante a entressafra da cana.
Para o grupo, é estratégico também conciliar uma visão local e global do negócio. “Local porque sabemos como funciona o Brasil e global porque temos acesso ao desenvolvimento tecnológico da Shell”, afirma o presidente. Neste ano a empresa marcou sua internacionalização a partir da aquisição dos ativos da Shell na Argentina. Foram pagos US$ 950 milhões para a compra da Shell Compañía Argentina de Petróleo e da Energina Compañía Argentina de Petróleo, abarcando principalmente os negócios de refino de petróleo, distribuição de combustíveis e operação de postos revendedores, fabricação e comercialização de lubrificantes automotivos e industriais, além de gás liquefeito de petróleo (GLP). Hoje, a área de cultivo administrada pela Raízen é de 860 mil hectares, e 50% de toda a capacidade produtiva está contratada com fornecedores. Não por isso o grupo deixa de investir pesado em tecnologia para monitorar o espaço usado. Guimarães conta que por meio de inteligência artificial e processamento de algoritmo tem sido possível localizar a exata posição de ervas daninhas em meio aos 860 mil hectares mantidos pela empresa. Em busca do aumento de produtividade e eficiência, a companhia inaugurou em 2017 o Pulse, hub de inovação que funciona como espaço de coworking em Piracicaba. A iniciativa contribui para o desenvolvimento de 15 startups. Dessas, 11 já têm projetos-piloto sendo testados na própria Raízen.
“Somos uma empresa do campo ao posto” Luís Henrique Guimarães, presidente do Grupo Raízen