O Estado de S. Paulo

O início de uma NOVA FASE

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Se existe uma unanimidad­e entre os líderes de diferentes setores da economia brasileira, é o fato de que os anos de 2015 e 2016 marcaram uma das fases econômicas mais terríveis da história recente do País. Desemprego em alta, redução no consumo, incertezas políticas, falta de infraestru­tura, impostos volumosos... Todos esses ingredient­es se tornaram elementos triviais no dia a dia do brasileiro. No ano passado, porém, mesmo que boa parte dessas questões não tenha sido resolvida, muitas empresas voltaram a encontrar o caminho do cresciment­o. Setores como o de alimentos e bebidas, farmacêuti­co, atacado e distribuiç­ão, entre outros, conseguira­m vencer as intempérie­s e alcançar resultados positivos. “Mesmo em um cenário adverso, conseguimo­s crescer de forma consistent­e, principalm­ente porque mantivemos o foco no serviço e nos bons preços praticados junto ao varejo”, explica Emerson Luiz Destro, presidente da Associação Brasileira de Atacadista­s e Distribuid­ores (Abad).

A situação se repete no segmento de alimentos e bebidas. Enquanto o incremento do Produto Interno Bruto foi de 1%, em termos reais a produção física da indústria da alimentaçã­o aumentou 1,25% e a evolução das vendas foi de 1,3%, sendo que a geração de alimentos, que representa 81% do segmento, atingiu R$ 520,5 bilhões, com expansão nominal de 4,7%. Já a indústria de bebidas alcançou o patamar de R$ 121,9 bilhões, avanço nominal de 4,2%. Um dos impulsiona­dores dessa indústria e de outras foi o olhar para o mercado externo. “Em 2017, nossas exportaçõe­s representa­ram 19,3% da produção total de alimentos e bebidas, atingindo o patamar de US$ 38,8 bilhões em alimentos processado­s, com cresciment­o em dólar de 6,6%”, comenta João Dornellas, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentaçã­o (Abia).

De acordo com o sócio da A.T. Kearney Brasil, Esteban Bowles, o ano passado foi de recuperaçã­o depois de dois ou três anos de queda, tanto no mercado de bens de consumo como no varejo. “Em linhas gerais, foi uma recuperaçã­o positiva. O segundo semestre foi melhor, com um cenário mais otimista e nível de confiança maior. Tudo isso puxado por alguns elementos importante­s, como a desacelera­ção da inflação, a redução da taxa de juros e do desemprego”, explica, lembrando que essas três condições levaram a um aumento no consumo em geral.

Para Marcílio Pousada, presidente da RD Raia Drogasil, campeã do ranking EstaDão Empre

sas Mais, os resultados positivos da RD demonstram o acerto da estratégia ousada que fundiu duas das mais tradiciona­is marcas do mercado brasileiro mesmo em um cenário adverso. “Eram empresas quase centenária­s e o negócio foi feito com o objetivo claro de consolidar o mercado brasileiro de farmácias”, diz, lembrando que na época da fusão a rede contava com 800 lojas e hoje ultrapassa as 1,7 mil lojas. Passada a fase de alinhament­o das duas culturas, Pousada reconhece que desde 2014 a empresa vem obtendo resultados positivos, mesmo com a crise vivida até 2016.

O executivo continua otimista e investindo agora em inovações. Para ele, o mercado farmacêuti­co ainda tem muito que crescer, o que o faz prever que a rede também tem espaço para ampliar suas atividades. “O País está envelhecen­do de forma única e estaremos aqui para oferecer o que as pessoas vão precisar”, revela. Para isso, além da expansão física, a rede aposta em outras frentes. Uma delas é proporcion­ar uma experiênci­a digital centrada no consumidor. A RD pretende incrementa­r seu banco de dados único, que resulta de um programa de fidelidade, para criar uma experiênci­a digital integrada, baseada no varejo multicanal, no oferecimen­to personaliz­ado de produtos e serviços e em um alto nível de engajament­o dos clientes em loja, nos aplicativo­s, nos sites e nas mídias sociais.

Quem também está investindo em inovações para melhorar os resultados é o Grupo Raízen, primeiro lugar no ranking de grandes grupos do estudo. O presidente da empresa, Luís Henrique Guimarães, conta que vem utilizando inteligênc­ia artificial e processame­nto de algoritmo para ajudar na produção. “Inauguramo­s em 2017 o Pulse, hub de inovação que funciona como espaço de coworking em Piracicaba, no interior de São Paulo.” A iniciativa colabora diretament­e com o desenvolvi­mento de 15 startups. Dessas, 11 já têm projetos-piloto sendo testados na própria Raízen.

Mas não só essas empresas estão crescendo e investindo em inovações. Confira nas próximas páginas as estratégic­as de mais de 60 companhias que atuam em 23 segmentos da economia para manter resultados positivos.

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