Investir para colher AINDA MAIS
Setor tem enorme potencial e responde rápido, mas precisa de mais segurança e investimentos para se consolidar no mercado exterior
DESTAQUES DO SETOR
1 CIE 84,16 C. VALE 2 CIE 83,87 COAMO 3 CIE 80,47 ADECOAGRO
Usando cerca de 7% de toda a área nacional, o agronegócio representa 25% do PIB do Brasil, em média. Só essa relação de espaço e desempenho já comprova o potencial do setor, segundo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Para ele, o segmento tem uma enorme capacidade de resposta e, por isso, destaca-se mesmo em cenários desfavoráveis de insegurança, política externa e falta de planejamento. Que no Brasil não faltam.
As estimativas para a safra deste ano indicam a colheita de 230 milhões de toneladas de grãos. É uma queda de 3,4% na comparação com a safra anterior, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mas os números estão longe de representar um problema. “Tivemos uma ou outra questão de seca, teremos uma queda na colheita, mas continuamos muito bem. Mantemos posição forte no mercado interno e externo”, sintetiza Carvalho. Foi graças à bonança do setor que a inflação acumulada de 2017 fechou em 2,9%, abaixo da meta.
No entanto, o cenário é mais desafiador a partir deste segundo semestre e início da próxima safra. Bruno Lucchi, superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destaca três principais questões: a alta do dólar prejudicando a compra dos insumos agrícolas, o risco do aumento do protecionismo dos Estados Unidos sobre produtos internacionais e, no contexto interno, as consequências do tabelamento do frete.
“A valorização do dólar a princípio favorece as exportações, mas da safra atual temos entre 20% e 30% de grãos estocados, apenas. A produção da próxima safra vai custar mais”, analisa Lucchi. Insumos como semente, adubo, ração e medicamento veterinário são vendidos em dólar e estão mais caros.
Embora seja um problema, nem a falta de infraestrutura impede a reação do produtor brasileiro. O presidente da Abag lembra que a logística ruim faz com que a produção de milho em Mato Grosso não possa ser exportada devido ao alto custo. Isso fez com que começasse ali a produção de etanol a partir dos grãos que seriam exportados. “Há geração de emprego e renda, e aumenta a perspectiva da nossa produção de combustível”, avalia.
Quanto à questão da segurança, a CNA defende o aprimoramento do seguro rural e acredita na importância da criação da cultura do seguro para atrair investimento externo. “A área segurada no País não passa de 10%. Significa que 90% não têm apólice contra seca, roubo e demais sinistros.”
A economia verde é um dos caminhos para o desenvolvimento de longo prazo do agronegócio nacional. Na avaliação de Carvalho, o País precisa usar sua capacidade competitiva para elevar a produção de biomassa e etanol e reduzir o uso de combustíveis fósseis.
Para Lucchi, da CNA, o marketing do setor precisa ser fortalecido para o País recuperar o mercado de carne suína com a Rússia, suspenso desde dezembro de 2017 sob alegação de contaminação, e o de carne de frango com a União Europeia, além de expandi-los. “Temos uma das produções mais sustentáveis do mundo, e essa imagem precisa ser consolidada.”
Foi graças à bonança do setor que a inflação acumulada de 2017 fechou em 2,9%, abaixo da meta