À procura de novos UNIVERSITÁRIOS
Um dos pilares do desenvolvimento são profissionais mais bem qualificados. Mas os bancos das instituições de ensino superior estão cada vez mais vazios
Acada ano, desde 2015, o panorama tem se repetido. O total de alunos que ingressam em faculdades particulares brasileiras vem caindo. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, cerca de 80 mil estudantes deixaram de entrar em um curso superior privado. Esse é um dos resultados do estudo realizado pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) com 99 instituições do País.
Entre as razões para a redução do total de novos alunos nos cursos presenciais do ensino superior, estão a queda de renda e o desemprego tanto do próprio estudante como de um membro da família. A eles se somam restrições no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) vigentes desde o fim de 2017. “Nos cursos presenciais, estamos perdendo alunos desde 2015. Em 2017, a redução foi de 2,2% em relação a 2016. As quedas são sucessivas”, explica Rodrigo Capelato, presidente executivo do Semesp.
Segundo dados do Censo da Educação Superior, divulgados
No Brasil há 2,4 mil instituições de ensino superior. As privadas correspondem a 87,7% (2,1 mil) e as públicas, a 12,3% (296)
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2016 o Brasil somava 8,048 milhões de matrículas em cursos de graduação ou sequencial.
Muitas faculdades e mantenedoras de curso superior têm buscado saídas para tentar frear a evasão escolar, reduzir a inadimplência de 8,9% para mensalidades com atraso acima de 90 dias e atrair parte dos 81,5% dos jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos que não cursam nenhuma graduação. Uma delas é reduzir custos para diminuir o valor da mensalidade. A outra é a própria instituição oferecer crédito educativo, com juros mais atrativos que os praticados pelos bancos.
O Ensino a Distância (EAD) é uma modalidade de aprendizado que, desde quando teve início, em 2003, vem crescendo. Na rede privada, entre 2014 e 2015, o avanço foi de 5,2%. Um dos motivos é que o perfil de público desse curso é diferente do dos cursos presenciais. “Optam pelo EAD pessoas mais maduras, que, quando mais jovens, não puderam frequentar aulas presenciais”, explica Capelato.
FACULDADE DO FUTURO
O setor, que representa cerca de 1% do PIB e, em 2015, faturou cerca de R$ 46,2 bilhões, não está parado. Muitas instituições têm se movimentado em busca de inovações na grade curricular, modernização dos currículos e alterações na forma de transmitir o conhecimento. Com tanta tecnologia à disposição, o sistema de aulas expositivas deve passar por mudanças. “Precisamos nos preparar para a grande mudança que virá com a indústria 4.0”, diz Capelato.
Na educação básica privada, que envolve educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino profissionalizante e educação para jovens e adultos (EJA), a situação é parecida com a vivenciada pelo ensino superior. Segundo dados do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), em 2017, foram registrados 10 milhões de matrículas. Destas, 2,29 milhões (23% do total de alunos) referem-se às escolas privadas, queda de 1,2% em relação a 2016 (2,32 milhões de matrículas).