Primeiros indícios da RETOMADA
Após três anos decepcionantes, o bom resultado atingido em 2017 é um alento e demonstra que dias melhores podem surgir à frente
Se há uma palavra que possa definir o sentimento dos empresários que atuam no setor de eletroeletrônicos e informática no Brasil, é esperança. Motivados pelos resultados significativos alcançados em 2017, eles acreditam que o segmento pode estar caminhando, mesmo a passos lentos, em busca da retomada econômica. Motivos não faltam.
Após três anos de resultados decepcionantes, o balanço de 2017 foi positivo. Na comparação com 2016, o faturamento do setor aumentou 5%, alcançando a marca de R$ 136 bilhões. Há outras boas novidades que ajudam a criar um clima de otimismo. Uma delas foi o aumento da utilização da capacidade instalada, que passou de 71% (em 2016) para 77%. Houve ainda acréscimo de 1,4 mil novos postos de trabalho: de 232,8 mil no fim de 2016 para 234,2 mil em dezembro de 2017. A produção, calculada pelo IBGE, cresceu 6%, com incremento de 20% na indústria eletrônica, que conta com elevada participação dos bens de consumo, e queda de 3% na indústria elétrica, em que predomina o setor de bens de capital. Entre os bens de consumo, destacam-se as vendas de smartphones (cerca de 48 milhões de unidades) e de notebooks (3,5 milhões de unidades), avanço de 10% e 21%, respectivamente, na comparação com 2016, o que contribui para o crescimento nas áreas em que estão inseridos: telecomunicações (+8%) e informática (+10%). “Entre os principais fatores que justificam essa recuperação, está a liberação dos recursos das contas inativas do FGTS, cujo montante atingiu cerca de R$ 44 bilhões, dos quais, certamente, boa parte foi utilizada na compra de bens”, opina Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que reúne cerca de 500 associadas. Em 2017, os investimentos cresceram 5%, totalizando R$ 2,5 bilhões. As exportações somaram US$ 5,8 bilhões, 4% mais do que em 2016.
Pena que alguns desses bons resultados podem se diluir durante o ano de 2018 devido à paralisação dos caminhoneiros em maio. Segundo dados de uma pesquisa divulgada pela Abinee, a greve pode ter causado um prejuízo de R$ 2,5 bilhões para o setor. Apesar disso, as expectativas para o segundo semestre do ano permanecem favoráveis. De acordo com informações da Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico, divulgadas em junho, há mais empresas com projeções de avanços em relação às que preveem quedas nos resultados em comparação a 2017.
Sobre os rumos do setor para o biênio 2019/2020, Barbato acredita que o comprometimento do novo governo será decisivo para o desempenho da indústria nos próximos anos. Nesse sentido, aliás, a Abinee preparou uma proposta a ser apresentada a todos os candidatos à Presidência da República. Entre outros temas, ela sugere a melhoria no ambiente de negócios, a promoção da manufatura avançada e a integração na cadeia de valores. No âmbito mais ligado ao setor, o estudo solicita a manutenção e a reformulação da Lei de Informática com o objetivo de manter e atrair novos investimentos, o que será essencial para estimular o desempenho de toda a cadeia produtiva da indústria elétrica e eletrônica.
Em 2017, o faturamento do setor elétrico e eletrônico totalizou R$ 136 bilhões, avanço de 5% em relação ao ano anterior