Um desempenho mais DO QUE SAUDÁVEL
Poucos segmentos econômicos têm obtido bons resultados como a indústria farmacêutica. E o cenário para os próximos anos traz ainda mais otimismo
Há tempos que os resultados financeiros obtidos pelo setor farmacêutico podem ser considerados satisfatórios. Em 2017, não foi diferente. O segmento obteve avanço de 11,73% em relação ao ano de 2016. As vendas do mercado nacional de medicamentos foram de R$ 56,8 bilhões. Em dólares, o resultado foi ainda mais expressivo: vendas de US$ 17,8 bilhões, evolução de 20,8% na comparação com 2016. No ano passado, foram vendidos 3,91 bilhões de caixas de medicamentos, alta de 5,73% sobre 2016.
O mercado externo também trouxe, em 2017, resultados saudáveis para a indústria farmacêutica brasileira. De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, as exportações foram de US$ 1,2 bilhão, 3,82% superiores às registradas em 2016. Já as importações de medicamentos acabados, semiacabados, vacinas, hemoderivados e demais produtos farmacêuticos alcançaram US$ 6,5 bilhões: valor 2,63% superior ao do ano anterior.
Esses bons índices são explicados por vários fatores, como o envelhecimento da população, o lançamento de medicamentos a preços elevados, o aumento da conscientização da população com relação à prevenção de doenças e a expansão dos gastos com saúde pelo governo.
Outro fator importante é a expansão do uso de genéricos. No ano-base de 2017, o valor das vendas de genéricos no mercado brasileiro foi de R$ 7,5 bilhões, 15,8% superior ao registrado em 2016. Aliás, nos últimos nove anos, a evolução dos números nesse segmento tem sido marcante. “Em 2009, as vendas de genéricos em unidades (caixas) representavam 18,6% do mercado brasileiro. Em 2017, elas chegaram a 32,4%”, informa Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, entidade que reúne 347 empresas do setor.
MERCADO EM EXPANSÃO
Os primeiros números de 2018, no entanto, revelam que o desempenho da indústria farmacêutica para este ano será um pouco menor do que o de 2017. “Em razão da instabilidade pela qual passa a economia nacional, nossas expectativas são pouco otimistas. Para 2018, estima-se um crescimento entre 7% e 8%”, comenta Mussolini.
Os resultados poderiam ser melhores, já que o setor farmacêutico brasileiro enfrenta desafios que, nos últimos anos, têm travado seu crescimento. Entre eles, a falta de uma política industrial melhor planejada, incluindo financiamentos de longo prazo com juros subsidiados. Outros obstáculos são a ausência de uma política de inovação tecnológica com um marco regulatório estável, a forte interferência no controle de preços dos produtos e a elevada carga tributária dos medicamentos.
Apesar disso, o cenário para os próximos anos é de otimismo. Espera-se que nos próximos três anos o Brasil ultrapasse o Reino Unido entre os maiores mercados mundiais de venda de medicamentos, em dólares. Em 2011, o Brasil ocupava o décimo lugar. Em 2016, foi o oitavo. Para 2021, a previsão é que o Brasil deve deixar para trás França, Itália e Reino Unido, ocupando a quinta posição.
Em 2017, as indústrias multinacionais responderam por 52,4% do faturamento do setor. Os laboratórios nacionais ficaram com 47,6%