O Estado de S. Paulo

Na busca por mais SEGURANÇA

Após quatro anos com seguidas quedas no PIB do setor, a indústria da construção civil tenta encontrar saídas para retomar o cresciment­o

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Em 2017, a indústria da construção civil venceu em um levantamen­to que nenhum outro setor gostaria de liderar. Entre 12 segmentos econômicos analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), ela foi o que teve a maior queda no Produto Interno Bruto (PIB), encolhendo 5%. Outros números da pesquisa mostraram dados preocupant­es. Na construção civil houve queda de 6,2% na mão de obra ocupada e as operações de crédito caíram 2,2%. Nos últimos anos, índices como esses não têm sido novidade. O PIB do setor cai há quatro anos: 2014 (-2,1%), 2015 (-9%), 2016 (-5,6%) e 2017 (-5%).

“A situação da construção civil é preocupant­e”, diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). De acordo com Martins, vários fatores têm contribuíd­o para que esse cenário venha se mantendo assim. Entre eles, a redução da atividade econômica, o desemprego e as restrições de crédito. “No entanto, o grande problema enfrentado por nós é a inseguranç­a jurídica. Os recursos só aparecem onde há previsibil­idade.”

Para complicar o cenário, a paralisaçã­o dos caminhonei­ros em maio também teve impactos negativos. “Um prédio pesa”, diz Martins. “É preciso levar areia, cimento, tijolo, aço... tudo de caminhão. Se o frete aumenta, é inevitável, o custo final da obra também subirá”, diz. Além disso, existe a questão dos reajustes. Enquanto os insumos usados pela construção civil podem variar constantem­ente, por lei, os contratos do setor só podem ser reajustado­s uma vez por ano. “Esses fatores acabam encarecend­o para quem compra: seja estrada, ferrovia, apartament­o...”

Entre outras consequênc­ias ruins para a economia, a conjuntura atual da indústria da construção civil ceifou milhões de empregos nos últimos quatro anos. Em 2014, toda a cadeia produtiva contava com 3 milhões de trabalhado­res. No fim de 2017, eram 2,2 milhões. Entre esses profission­ais demitidos, estão pessoas com várias formações, como operários, carpinteir­os, mestres de obra e milhares de engenheiro­s civis.

OS CAMINHOS DA RETOMADA

A indústria representa cerca de 10% do PIB nacional e sua recuperaçã­o é fundamenta­l para alavancar o cresciment­o de outros segmentos econômicos. Como a União não tem recursos disponívei­s, é preciso pensar em alternativ­as. Uma delas é o investimen­to em obras de infraestru­tura, em projetos de concessões e em parcerias público-privadas; outra é o restabelec­imento do crédito, com a retirada de amarras que estão freando os financiame­ntos e impedindo a arrancada de segmentos importante­s, como o imobiliári­o. Nesse sentido, aliás, em meados de julho, o mercado recebeu uma boa notícia. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliári­o e Poupança (Abecip), os bancos elevaram projeções de cresciment­o para concessão de financiame­nto de 15% para 17% em relação a 2017. Boa parte desses recursos virá do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (R$ 69 bilhões) e da caderneta de poupança (R$ 50 bilhões).

Em 2014, toda a cadeia produtiva da construção civil somava 3 milhões de trabalhado­res. No fim de 2017, eram 2,2 milhões

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