O Estado de S. Paulo

Um segmento em busca DE SOLUÇÕES

Como 2017 foi mais um ano de resultados negativos, as indústrias do setor procuram se reinventar para voltar a fechar os balanços no azul

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Osetor de máquinas e equipament­os é composto por cerca de 7,5 mil empresas que empregam quase 300 mil pessoas, a maioria delas com alto nível de capacitaçã­o. Por isso, as indústrias pagam um salário médio anual 40% acima do salário médio da economia e 30% superior ao salário médio pago na indústria de transforma­ção. A cadeia produtiva gera mais de 2 milhões de empregos indiretos.

Mas, diretament­e afetados pela recessão econômica, os resultados financeiro­s obtidos não têm sido motivo de comemoraçã­o. “Fechamos 2017 no vermelho novamente, completand­o quatro anos seguidos de queda de faturament­o real”, diz João Marchesan, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os (Abimaq). “Em 2017, a receita do setor caiu 2,9% em termos reais em relação a 2016, o que representa cerca de 50% do valor realizado em 2013. As vendas no mercado interno sofreram redução de 7% em relação ao ano anterior”, afirma Marchesan. O que ajudou a mitigar a queda foi o desempenho das exportaçõe­s, que cresceram 16,6% em dólares. A forte queda do mercado interno fez com que as exportaçõe­s, apesar do câmbio, passassem a representa­r mais de 50% do faturament­o total do setor.

Em razão do bom desempenho da economia observado no fim de 2017, o segmento iniciou 2018 com uma perspectiv­a de retomada do cresciment­o. “Os três primeiros meses do ano, no entanto, frustraram nossas expectativ­as. Os resultados vieram abaixo do esperado e os problemas políticos e até mesmo internacio­nais trouxeram ao País uma nova onda de desânimo e o adiamento dos investimen­tos”, analisa Marchesan.

Em abril, parecia que as atividades começavam a acelerar novamente. Mas, em maio, a paralisaçã­o do setor de transporte de carga e as incertezas decorrente­s da forma que o problema foi solucionad­o acabaram por jogar um balde de água fria. Como resultado, o setor registrou queda de 3,1% nas vendas e redução de 10,9% na atividade industrial. As consequênc­ias desse cenário, aliadas ao adiamento de decisões importante­s, serão sentidas ao longo do ano.

FOCO NA INDÚSTRIA 4.0

Como o setor produtivo não pode parar, é fundamenta­l que ele se adapte à realidade e busque saídas para driblar esse cenário econômico adverso. Para isso, além de buscarem medidas defensivas clássicas, como redução de pessoal e de custos, as indústrias que produzem máquinas e equipament­os precisaram se reinventar e passaram a investir mais em gestão, em inovação e modernizaç­ão tecnológic­a. “Todas essas iniciativa­s ao longo da crise fizeram com que o segmento como um todo melhorasse sua produtivid­ade e, consequent­emente, sua competitiv­idade”, atesta Marchesan.

Embora essas soluções sejam um importante passo para superar a crise, há ainda muitos desafios a vencer. Um deles são as dificuldad­es financeira­s e as restrições de crédito apresentad­as tanto pelos bancos comerciais quanto por parte do BNDES. “Essa conjuntura impediu que as empresas transforma­ssem a crise em oportunida­de”.

O setor é composto por 7,5 mil empresas que empregam 300 mil pessoas. A cadeia produtiva gera mais de 2 milhões de empregos indiretos

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