O Estado de S. Paulo

Estabilida­de leva à RECUPERAÇíO

Mudanças e atualizaçõ­es regulatóri­as animam as perspectiv­as dos setores, cada vez mais integrados ao avanço do mercado interno

-

A estimativa é que até 2022 a produção nacional de petróleo dobre e alcance 4 milhões de barris por dia

Apesar da recuperaçã­o ainda tímida da economia brasileira, os setores-base como os de petróleo, minério e cimento têm tido boas notícias quanto à estabilida­de regulatóri­a, segurança jurídica e estímulos à redução de custo de produção. O setor petroleiro, por exemplo, está vendo os principais fornecedor­es globais voltarem ao mercado nacional. “Vamos ser grandes agentes da retomada do cresciment­o estruturad­o da economia”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestru­tura (CBIE).

O cenário é favorável porque o contexto global de alta do preço do barril incentiva a compra de mais campos de petróleo. E o País está sabendo aproveitar. Pires menciona o projeto de venda de 60% de quatro refinarias e a Lei de Cessão Onerosa (8.939/17), que, se aprovada no Congresso, vai autorizar o leilão de seis blocos na Bacia de Santos e, com isso, arrecadar R$ 100 bilhões ainda este ano.

A estimativa é que até 2022 a produção nacional de petróleo dobre e alcance 4 milhões de barris por dia. Isso só será possível com a chegada de novas empresas. “Precisamos nos acostumar com o fato de que a produção de petróleo não será realizada só pela Petrobrás”, adianta Pires. Mas ele pondera: “O único ponto contra é o medo de nova intervençã­o do governo”.

Responsáve­l por 16,8% do PIB industrial do ano passado, a mineração respira bons ares. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) prevê investimen­tos de US$ 19,25 bilhões no setor nos próximos cinco anos. O número é 7% maior do que as projeções feitas em 2017. Segundo Cinthia Rodrigues, gerente de Pesquisa e Desenvolvi­mento do Ibram, a revisão se deve às expectativ­as geradas pelas MPs 789/17, 790/17 e 791/17, que atualizara­m as regulações do setor e criaram a Agência Nacional de Mineração. Na opinião da gerente, com a nova regulação, o País está mais atrativo para investimen­tos, e isso anima as perspectiv­as .

Já o setor de cimento enfrenta dificuldad­es. Depois de ampliar o potencial de produção para 100 milhões de toneladas por ano, o parque fabril está encarando 47% de capacidade ociosa. O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) previa cresciment­o de 2% em 2018, mas assistiu a uma retração de 1,5% só no primeiro semestre. Paulo Camilo Peña, presidente da entidade, estima queda de 2% no ano. “E então serão quatro anos de quedas consecutiv­as.”

Mas a proativida­de do setor segue forte. Com foco em sustentabi­lidade e redução de custo de produção, as empresas têm usado como energia térmica a biomassa e os resíduos sólidos industriai­s. Essas fontes de energia já alimentam 15% das indústrias do setor. Segundo Peña, um dos desafios é ampliar esse uso por meio de parcerias com Estados e municípios, a fim de contribuir com o Plano Nacional de Resíduo Sólido .

Quanto ao cenário de geração de energia e economia de base, Pires acredita que o País precisa regionaliz­ar a política energética. “Não faz sentido transferir energia eólica do Nordeste para São Paulo se no Sudeste tem biomassa da cana-de-açúcar.” A biomassa de babaçu e casca de arroz, já representa 7% da energia térmica de toda a indústria cimenteira.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil