O Estado de S. Paulo

Chegou a hora da INTEGRAÇÃO

Custo da saúde está alto para todos os elos da cadeia e empresas tendem a se unir para oferecer um pacote completo e otimizado de serviços

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Cerca de 60% de todo o custo com saúde é registrado dentro dos hospitais, que não se deixaram abalar com a queda de 3 milhões de beneficiár­ios dos planos de saúde nos últimos três anos. Segundo levantamen­to da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), 74% dos hospitais estão seguindo com seu Plano Diretor de Investimen­tos por meio de reformas, construção de novas unidades ou retrofit (modernizaç­ão da estrutura), apesar da conjuntura econômica ruim.

Na visão de Francisco Balestrin, médico especializ­ado em Administra­ção da Saúde e presidente da Internatio­nal Hospital Federation (IHF), no cenário atual o sistema está desintegra­do e faltam percepções estratégic­as. Mas o mercado está reagindo. Eliane Kihara, sócia da consultori­a PwC e líder do setor de saúde, avalia que ao longo de 2017 houve uma mudança na atitude das empresas, que querem integrar serviços prestados e valores cobrados. Para isso, já está em curso a alteração do modelo de remuneraçã­o, hoje fee-for-service, em que se paga por procedimen­to e não pelo tratamento em si.

“As empresas estão buscando se adaptar a modelos futuros que já são exigidos e não apenas desejáveis”, observa Eliane. A fim de relacionar valor e eficiência, a tendência é o uso da metodologi­a DRG (Diagnosis Related Groups) para monitorar a qualidade assistenci­al, os recursos e os indicadore­s de eficiência operaciona­l e financeira. O grande desafio é o entendimen­to de como aplicar, distribuir e comunicar os custos. “A saúde precisa justificar o custo total, e um remédio ou tipo de tratamento pode custar mais caro, mas vai evitar uso de outros fármacos e efeitos colaterais”, aponta Eliane.

Enquanto isso, hospitais, operadoras de planos de saúde e farmácias varejistas investem em clínicas de atenção primária e acompanham­ento de pacientes crônicos. e internação.

FUSÕES E AQUISIÇÕES

Com o objetivo de otimizar a integração dos serviços, empresas estão se unindo em fusões, aquisições e parcerias. Em 2017, do total de transações empresaria­is, 5% foram no setor de saúde. No primeiro semestre de 2018, das 18 transações, 72% foram aquisições, de acordo com dados da PwC.

Eliane ressalta o potencial de ação das empresas verticaliz­adas – as que atuam em todas as frentes do sistema. “Elas possuem mais chance de integrar as partes sem grandes gastos e têm maior fluxo de informação do usuário dentro da própria rede.” Quanto às parcerias, a mais recente foi iniciada em julho, entre os grupos Fleury e Sabin, ambos de medicina diagnóstic­a. O acordo visa à cooperação técnico-científica e a maior atrativida­de, escalabili­dade e capilarida­de das instituiçõ­es.

Os empregador­es financiam 75% do gasto com saúde privada no Brasil. E, alarmados pelo alto custo e pela necessidad­e de otimização dos recursos, iniciativa­s inéditas começam a ser pensadas, com o apoio da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI). A tendência é o País seguir o modelo de gestão de saúde populacion­al, que nos EUA está ganhando força por meio da parceria entre Amazon, JP Morgan e Berkshire Hathaway.

No primeiro semestre de 2018, das 18 transações realizadas no setor de saúde, 72% foram aquisições

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