Estabilidade é o NOME DO JOGO
Afetado por uma série de fatores externos no primeiro semestre, segmento espera se recuperar até o fim do ano e manter crescimento
As empresas do setor têxtil e de vestuário fecharam 2017 com um crescimento de 3,5%, representados pela comercialização de 5,9 bilhões de peças. A expectativa era de que o resultado se repetisse neste ano e alavancasse resultados ainda melhores em 2019, mas não foi o que aconteceu. Afetado por fatores externos, o setor patinou no início do ano e agora tenta se recuperar.
De acordo com o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Fernando Pimentel, o varejo foi prejudicado de diversas formas ao longo do semestre, registrando queda nas vendas entre janeiro e maio: inverno pouco rigoroso, greve de caminhoneiros e Copa do Mundo afastaram os consumidores. “Iniciamos 2018 com uma visão mais favorável do que o que ocorreu até agora”, diz Pimentel.
Essa visão se refletiu na geração de empregos. O setor criou mais de 4 mil vagas nos seis primeiros meses do ano. “Mesmo assim, no acumulado dos últimos 12 meses, o porcentual de empregos ainda é negativo. O fato é que o crescimento previsto não está se confirmando”, afirma. Ainda assim, o executivo acredita na possibilidade de recuperação no segundo semestre por causa de datas comemorativas, em especial o Natal.
Outro fator que indica crença na recuperação são os investimentos. Os números da Abit mostram que a compra de máquinas e equipamentos cresceu 26,66% no primeiro semestre deste ano. Foram US$ 226 milhões investidos na substituição de equipamentos. Para o executivo, este deve ser o início de uma série de projetos que, nos próximos meses, demandarão mais recursos.
VIÉS DE BAIXA
Neste cenário, as previsões iniciais de crescimento para 2018, que giravam em torno de 2,5%, foram revistas para baixo. “Neste momento, a previsão é de estabilidade, com viés de baixa. A inversão deste cenário vai depender de uma melhora do mercado no final do ano”, diz, lembrando que, tradicionalmente, o segundo semestre é sempre melhor que o primeiro em vendas.
Sobre a balança comercial do setor, Pimentel revela que neste ano deve ser registrado um déficit de US$ 5,2 bilhões com grandes possibilidades de que a balança seja zerada em 2019 – o último saldo positivo foi contabilizado em 2005. Força para isso o setor tem: o Brasil está hoje entre os quatro maiores produtores globais de vestuário e entre os cinco maiores de têxteis. “Temos uma pauta exportadora ampla, que abrange todos os itens da cadeia produtiva. Mas ela pode crescer. Nossa meta é chegar a 1,5% do mercado mundial, ou cerca de US$ 10 bilhões”, diz.
O primeiro passo para que isso ocorra deve ser dado com as eleições deste ano. Para a Abit, qualquer que seja o resultado, ele servirá para tirar uma série de incertezas do caminho. “Independentemente de quem seja eleito, teremos clareza do cenário, o que nos permite imaginar, para 2019, um potencial crescimento de 3% da produção, de 3% a 4% do varejo e geração de 13 mil a 14 mil empregos formais. A perspectiva, neste momento, é favorável”, conclui o executivo.
O setor investiu mais 26,66% na compra de máquinas e equipamentos no primeiro semestre. Foram US$ 226 milhões aplicados na substituição de equipamentos