Um setor à espera DE 2019
Depois de um 2017 com resultados abaixo do esperado, expectativa das empresas é de que crescimento seja retomado no ano que vem
Diferentemente de muitos outros segmentos da economia, o setor de transportes e logística ainda não viu melhoras de resultados. O ano de 2017 e os primeiros meses deste ano fecharam com o que chama de lenta recuperação, gerando um otimismo cauteloso em relação aos resultados a serem alcançados nos próximos meses. Boa parte do sentimento aparece na Sondagem Expectativas Econômicas 2017, divulgada no fim do ano passado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte). O estudo apontou que as empresas de transporte começaram a se recuperar da recessão econômica que afetou o País nos últimos quatro anos, mas que essa retomada ocorreu em ritmo mais lento do que o esperado.
A cautela reduziu as expectativas para este ano: a sondagem apontou que 54,8% das companhias esperavam um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2018, ao mesmo tempo que 38,9% delas acreditavam que a retomada do crescimento econômico só se- ria percebida em 2019. Para chegar a esse resultado, foram ouvidas 823 empresas.
Para Bruno Batista, diretor executivo da CNT, essa percepção das empresas vem se mantendo ao longo deste ano. “O crescimento vem ocorrendo em um ritmo muito aquém do que estava previsto, e isso tem impacto direto na atividade do transportador”, diz. As esperadas reformas anunciadas pelo governo também ficaram aquém do esperado. Batista lembra que havia uma expectativa grande em relação ao câmbio e à possibilidade de uma reforma tributária, que acabou não ocorrendo. “
REEDIÇÃO
Batista afirma que 2018 deve ser uma reedição do ano passado. “O setor está em uma retomada muito lenta e a economia está crescendo em um ritmo frustrante”, diz. A crise, lembra, tem sido a grande responsável, por exemplo, pela perda de público no setor de transporte de passageiros, principalmente o transporte urbano, onde, em 2017, 60% das empresas de transporte tiveram queda de receita.
O executivo acredita que as eleições deste ano serão como um divisor de águas. “Os empresários de modo geral continuam em compasso de espera”, diz. Batista reforça que essa incerteza é prejudicial ao setor, que vê represados investimentos em infraestrutura e em renovação de frotas, por exemplo. “Por conta desse cenário, a expectativa até o final do ano é de manutenção desse ritmo. Em 2019 devemos iniciar o diálogo com o novo governo. Mas não há perspectiva de mudança para este segundo semestre”, lamenta.
As intenções do novo governo, aliás, são fundamentais para os objetivos do setor. De acordo com Batista, nos últimos anos foram reduzidos os investimentos em infraestrutura, ao mesmo tempo que houve aumento do óleo diesel e queda na demanda. “Qualquer alta na composição do preço tem impacto direto na atividade, já que é o principal fator de custo na atividade de transporte”, compara. “Enquanto estivermos nesse cenário nebuloso, que deve permanecer até o final do ano, o empresário deve aguardar uma definição um pouco mais clara para planejar a retomada em 2019”, diz.
O segmento de transporte urbano, por exemplo, viu 60% das empresas do setor terem queda de receita em 2017