BONS RESULTADOS
O caminho mais curto para os
Em mercados cada vez mais dinâmicos e competitivos, inovar deixa de ser diferencial para se tornar item de sobrevivência
Um dos reflexos mais fortes das mudanças vividas pelo mercado corporativo na última década, que resultaram em consumidores cada vez mais exigentes, na oferta de produtos e serviços personalizados e novos concorrentes em quase todas as áreas, inovar deixou de ser um diferencial e se tornou obrigação. Diante disso, a partir deste ano, o ranking Estadão
Empresas Mais passa a contar também com o índice Empresas Mais de Inovação, que identifica as empresas cujas iniciativas de inovação mais se destacaram ao longo de 2017. Depois das análises realizadas pelo time da Fundação Instituto de Administração (FIA), a partir do estudo em parceria com o Estadão e de informações da Austin Rating, a empresa que mais se destacou em 2017 foi a Ultra, que foca suas iniciativas de inovação no desenvolvimento de produtos e serviços que tenham interação direta com seus mercados de atuação. Essas ações são mais visíveis em três dos principais negócios da companhia: a Ipiranga, de distribuição de combustíveis; a Ultragaz, líder de distribuição de GLP; e a Oxiteno, líder na produção de especialidades químicas.
No caso da Ipiranga, as iniciati- vas de inovação se traduzem na diversificação de ofertas, com foco na experiência de compra de seus clientes. Um exemplo é o aplicativo Abastece Aí, que dá ao cliente a facilidade de pagar pelo combustível via smartphone e ainda obter descontos e pontos no programa Km de Vantagens. O Abastece Aí foi criado para facilitar a jornada do cliente que procura conveniência e rapidez no seu dia a dia.
Os postos da rede também têm se reinventado. As antigas faixas de lona estão dando lugar a modernos displays de LED, que passam a oferecer mais agilidade às comunicações, como as promoções do dia e informações em tempo real. Outra inovação é o posto conectado com uma ilha inteligente, sistema que identifica os clientes e as placas dos veículos por meio de beacons (transmissores de informações sem fio). O display da ilha inteligente oferece ao cliente a visibilidade total de quanto e o que foi abastecido no veículo, proporcionando transparência e segurança no momento do abastecimento, além de promover ações personalizadas.
O uso de aplicativos também está presente na Ultragaz, que oferece a opção de comprar o botijão de gás por meio do app Ultragaz Connect, tornando a experiência de compra mais rápida. O aplicativo melhora a gestão da frota, direcionando automaticamente novos pedidos para os caminhões mais próximos, o que permite a entrega em poucos minutos. A empresa ainda desenvolve novos usos do GLP (gás liquefeito de petróleo) a granel para diversos segmentos, como pizzarias e churrascarias a gás.
Na Oxiteno, divisão química do grupo, a inovação sempre foi parte do negócio e, nos últimos anos, o tema tem tido destaque na estratégia da companhia. Entre as iniciativas, a empresa, com apoio de parceiros, desenvolveu um modelo chamado de inovação aberta, com uma solução inédita que combina produtos químicos e substâncias biológicas para um desempenho de limpeza superior ao dos detergentes (lava-roupas) tradicionais. Em outra frente, o mercado de agroquímicos, a companhia investe em um laboratório com tecnologias que simulam condições de aplicação de defensivos agrícolas, alinhado com a demanda crescente de precisão e eficácia agronômica. Como parte da estratégia de expansão geográfica, a Oxiteno inaugurou um laboratório de P&D em parceria com a Universidade de South Mississippi, para sustentar o crescimento nos Estados Unidos. Intensificou o foco em inovação com a criação da diretoria de marketing e inovação. Com iniciativas como essas, o índice de inovação em 2017 teve um avanço de mais de 4,5% em relação a 2016, evidenciando um aumento da receita que advém de novos produtos.
NOVO ESPAÇO PARA A CIÊNCIA
A Hypera Pharma, segundo destaque no índice Estadão Empresas
Mais de Inovação, investiu no ano passado quase R$ 70 milhões na criação de um centro de inovação, que abriga atualmente mais de 300 profissionais focados na pesquisa e no desenvolvimento de medicamentos, dermocosméticos, nutracêuticos e suplementos vitamínicos. O CEO da companhia, Breno Oliveira, destaca que cerca de 10% desses especialistas têm mestrado ou doutorado, o que abre oportunidades de trabalho para cientistas no setor privado brasileiro. “Esse centro multiplicou por quatro nossa capacidade de desenvolvimento de produtos farmacêuticos”, atesta.
Nos últimos 12 meses, mais de 29% do faturamento líquido da Hypera Pharma resultou de produtos lançados nos últimos cinco anos. Os planos da empresa preveem que o novo centro de P&D a leve para um novo patamar, acelerando seu ritmo de lançamentos. “Nesse mesmo período, depositamos 25 patentes no Brasil e 20 nos Estados Unidos e, a cada mês, nosso pipeline de novos produtos em desenvolvimento vem crescendo”, diz.
Oliveira lembra que a inovação é um dos pilares da estratégia de longo prazo da companhia, que prevê crescimento acima do mercado, com ganho de market share. Para tanto, a Hypera Pharma conta com canais abertos para recebimento de propostas, sugestões e projetos de novas ideias e inovação.
“Nos últimos 12 meses encerrados em junho, investimos cerca de 5% de nosso faturamento líquido em inovação”, revela o CEO. Além do suporte financeiro, o tema tem atenção da alta liderança da empresa, que se traduz em um comitê mensal formado por alguns dos principais executivos de diversas áreas da companhia.
ACELERANDO PROCESSOS
No Aché Laboratórios Farmacêuticos, terceiro destaque do índice, a inovação é um dos cinco pilares do planejamento estratégico. O diretor de inovação e novos negócios, Stephani Saverio, explica que, desde 2015, a empresa conta com a diretoria do Núcleo de Inovação, uma estrutura que integra diferentes áreas – novos negócios, parcerias, internacionalização, desenvolvimento farmacotécnico e analítico, núcleo médico, inovação incremental e radical – com o objetivo de acelerar processos e oferecer produtos inovadores ao mercado.
Em 2017, a companhia inaugurou o Nile (Nanotechnology Innovation Laboratory Enterprise), em parceria com a Ferring Pharmaceuticals. O Nile é o primeiro laboratório focado em desenvolvimento de plataforma tecnológica, baseada em nanotecnologia, da iniciativa privada no País. Também no ano passado foi firmada uma parceria com o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e com a Phytobios para desenvolver medicamentos inovadores a partir da biodiversidade brasileira.
“O investimento inicial no projeto foi de R$ 10 milhões e a expectativa é de que novos produtos e tecnologias sejam patenteados e disponibilizados ao mercado ao longo dos próximos dez anos”, afirma Saverio.
Como resultado dessas iniciativas, apenas em 2017, 30 produtos foram lançados. “Para 2018 estão previstos 36 novos produtos. A companhia conta com 172 projetos em seu pipeline, em diferentes fases, apresentando excelentes perspectivas para um fluxo contínuo de lançamentos”, revela.