O Estado de S. Paulo

Trump cede e FBI investigar­á caso de assédio de juiz

Idas e vindas. Presidente dos EUA sofre pressão de senadores do próprio partido e aceita que polícia apure suposto assédio sexual cometido por Brett Kavanaugh, indicado por ele à Suprema Corte; confirmaçã­o do magistrado é adiada para semana que vem

- WASHINGTON / W. POST e NYT

Ao final de um dia de idas e vindas na Comissão de Justiça do Senado dos EUA, que analisa a indicação do juiz Brett Kavanaugh à Suprema Corte, o presidente Donald Trump autorizou que o FBI investigue o magistrado acusado de abuso sexual.

A resposta de Trump atendeu ao pedido da Comissão, que aprovou o processo de nomeação de Kavanaugh, mas só fará a votação final, no plenário do Senado, após as conclusões do FBI, que não poderá durar mais do que uma semana, como requisitar­am os senadores.

Após pressão de ativistas dentro do Congresso e de discussões com os democratas, o senador republican­o Jeff Flake, considerad­o chave na Comissão, disse que votaria pelo aprovação de Kavanaugh, mas pediu o adiamento de uma semana para que o FBI investigas­se o caso. Flake reconheceu que pode mudar sua posição dependendo do que descobrire­m os investigad­ores.

Outra senadora republican­a que também pode mudar seu voto no plenário, Lisa Murkowski, do Alasca, disse que concordava com Flake, deixando o Partido Republican­o com pouca escolha, a não ser desacelera­r o processo de aprovação, consideran­do sua pequena vantagem: 51 votos a favor e 49 contra.

Mais cedo ontem, em comunicado, Flake afirmou que confirmari­a o nome de Kavanaugh na Comissão de Justiça. Mas mudou de posição. Sua decisão jogou incerteza sobre a nomeação momentos antes de o painel votar o nome de Kavanaugh.

Os outros republican­os na Comissão saíram em defesa de Kavanaugh, que negou todas as acusações, especialme­nte após o depoimento raivoso e de muitas lágrimas do juiz e de sua acusadora Christine Blasey Ford, na quinta-feira. Democratas acusam os republican­os de quererem encobrir o caso.

À tarde, várias ativistas e vítimas de abuso cercaram Flake em um elevador do Senado e o cobraram por sua posição. “Você está me dizendo que abusar de alguém não importa, que o que aconteceu comigo não importa, que você vai permitir que pessoas que fizeram isso cheguem ao poder. É isso que você está me dizendo quando afirma que votará por ele (Kavanaugh). Não desvie o olhar”, disse uma das ativistas.

Em audiência tensa, na quinta-feira, Kavanaugh garantiu que é inocente e acusou os democratas de tentarem destruir sua reputação. Sua acusadora diz que ele tentou estuprá-la em uma festa quando os dois eram adolescent­es e, segundo ela, Kavanaugh estava muito embriagado. O juiz reconheceu que bebia cerveja durante o período em que era estudante e destacou que os mais velhos podiam comprar cerveja legalmente em Maryland aos 18 anos.

No entanto, segundo apuração da Associated Press, Kavanaugh nunca poderia ter bebido legalmente no Estado naquela época – ele ainda tinha 17 anos, quando a idade permitida para beber no Estado foi elevada para 21 anos.

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DON RYAN/AP Pressão. Protestos contra nomeação de Kavanaugh em Portland

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