O Estado de S. Paulo

Dólar perde força e fecha setembro em queda de 0,33%

Moeda americana chegou a atingir R$ 4,20 no mês, maior nível desde o início do Real, mas acabou recuando

- Altamiro Silva Júnior Paula Dias

Depois de subir 8,2% em agosto, o dólar perdeu força em setembro e caiu 0,33%. A moeda americana chegou a bater em R$ 4,20 no mês, a maior cotação nominal desde o início do Plano Real, mas perdeu força nos últimos dias, com o cenário externo mais favorável aos emergentes e um quadro um pouco mais claro nas eleições, com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) se consolidan­do nas primeiras posições nas pesquisas de intenção de voto.

Nas negociaçõe­s de ontem, porém, o dólar à vista fechou em alta de 1,34%, aos R$ 4,0510, na expectativ­a dos resultados da pesquisa Datafolha, que seriam divulgados à noite. No ano, o dólar acumula ganho de 22% em relação ao real – a terceira moeda de país emergente que mais perdeu valor ante o dólar, atrás do peso argentino (122%) e da lira turca (60%).

Apesar do mercado mais calmo nos últimos dias, Fernando Barroso, diretor da CM Capital Markets, ressalta que pode vir volatilida­de na semana final antes da eleição, que deve ter a divulgação de ao menos mais três pesquisas do Ibope e Datafolha, além das sondagens de instituiçõ­es financeira­s. Um dos fatores que as mesas de operação vão monitorar é se o candidato Jair Bolsonaro de fato parou de subir e como fica sua competitiv­idade no segundo turno, além de sua taxa de rejeição. Ontem, o capitão reformado do Exército foi tema de capa de duas revistas semanais: Veja, falando de sua ex-esposa, e Época, sobre uma produtora fantasma contratada pela campanha dele. As reportagen­s foram comentadas pelos investidor­es e operadores, mas acabaram tendo pouco impacto nos preços dos ativos.

Os analistas do Bank of America Merrill Lynch (BofA) ressaltam que, para o dólar seguir em queda no Brasil, será essencial ver o resultado do primeiro turno das eleições. “O eleitorado brasileiro está muito dividido”, afirma relatório do banco americano, mencionand­o a disputa acirrada entre Bolsonaro e Fernando Haddad. O BofA ressalta que os investidor­es vão monitorar nas próximas semanas as coalizões dos candidatos, além de querer maior clareza sobre as equipes econômicas e a agenda de reformas. Barroso, da CM Capital, avalia que Haddad pode ter que, já durante o segundo turno, dar mais detalhes de sua equipe econômica, ou o mercado pode ficar estressado.

Bolsa. Depois de três altas consecutiv­as, o Índice Bovespa passou por um movimento de correção e caiu 0,82% ontem, para 79.342,42 pontos. Contribuiu para a queda o desempenho negativo das bolsas internacio­nais, ao mesmo tempo em que o investidor se mostrou mais cauteloso com o cenário eleitoral doméstico. Apesar da queda no dia e na semana, o índice encerrou setembro com alta de 3,48%, favorecido pelo aumento do apetite por risco no mercado externo.

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