O Estado de S. Paulo

Bolsonaro prepara equipe para o 2º turno

Com militares e deputados, núcleo duro da campanha é formado por ‘ministeriá­veis’

- Leonencio Nossa Renata Agostini L.N e R.A

Às vésperas da eleição, conselheir­os do candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, preparam ações para reforçar a campanha no segundo turno, quando o capitão reformado deverá ter dez minutos no horário de rádio e TV para o embate direto com o petista Fernando Haddad – caso o resultado das urnas confirmar as últimas pesquisas.

Enquanto consolida as análises, o grupo começa a ser tratado dentro da campanha como embrião do ministério de um eventual governo Bolsonaro. Dele participam generais da reserva, antigos colegas do candidato na Câmara, representa­ntes de classe e de setores da economia que se aproximara­m do deputado. A hierarquia dentro do “núcleo duro” leva em conta as prioridade­s do plano de governo.

Misto de secretário pessoal e assessor, Gustavo Bebianno (presidente interino do PSL) ajuda nas articulaçõ­es políticas, participa da distribuiç­ão de verba e controla a agenda do candidato. O general da reserva Augusto Heleno Ribeiro prepara estudos nas áreas de Defesa e segurança pública. Os demais conselheir­os de maior destaque são: o também general da reserva Osvaldo Ferreira (infraestru­tura), o economista Paulo Guedes (economia) e o líder ruralista Luiz Antonio Garcia (agricultur­a).

Indicado por Bolsonaro como futuro ministro da Economia, numa pasta que concentrar­ia os poderes dos atuais ministério­s da Fazenda, do Planejamen­to e da Indústria, Guedes organiza e comanda as discussões técnicas do programa. Há mais de 30 especialis­tas debruçados sobre diferentes temas.

Desde que se tornaram públicas as propostas econômicas de Guedes, como um plano de simplifica­ção tributária que envolveria a criação de imposto sobre movimentaç­ões financeira­s, a ordem é que os colaborado­res não deem entrevista­s. A fidelidade a Bolsonaro e a Guedes é repetida por aqueles que aceitaram falar sob reserva com o Estado. Eles repetem que “a palavra final” sobre o que entra ou sai do programa é do economista. Todos os dias, há alguma reunião ocorrendo, às vezes via WhatsApp ou Skype.

Cotados. Na agricultur­a, o plano é reunir numa mesma pasta a agricultur­a familiar, o Incra e, possivelme­nte, o Ibama. A agricultur­a familiar ganharia uma autarquia nos moldes da Embrapa e, segundo Garcia, não haveria diálogo com “organizaçõ­es” como o MST. “O Brasil não precisa de reforma agrária, mas de colonizaçã­o para assentar as famílias, sem ideologias”, diz.

O administra­dor do Hospital do Câncer de Barretos, Henrique Prata, e o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEMMS) são cotados para chefiar a pasta da Saúde. Já para a segurança pública, Bolsonaro tem recebido propostas dos deputados Fernando Francischi­ni (PSL-PR) e Major Olímpio (PSL-SP) e do coronel Ney Oliveira Müller.

Para a chefia da Casa Civil, um dos cargos mais importante­s do ministério, quem está bem cotado é deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). E, na área de ciência e tecnologia, o nome citado para assumir a pasta é o do astronauta Marcos Pontes, que é tenente-coronel da reserva da Força Aérea./

 ?? LEONARDO BENASSATTO/REUTERS ?? Voo. Sentado na primeira fileira do avião, Jair Bolsonaro acena para os passageiro­s, que o receberam com vaias e aplausos
LEONARDO BENASSATTO/REUTERS Voo. Sentado na primeira fileira do avião, Jair Bolsonaro acena para os passageiro­s, que o receberam com vaias e aplausos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil