O Estado de S. Paulo

Confronto entre Doria e França marca debate

Tucano e governador trocam críticas sobre ‘abandono’ de cargo; Skaf, do MDB, evita ataques a adversário­s

- Fabio Leite

O penúltimo debate entre os candidatos ao governo de São Paulo antes do primeiro turno foi marcado por confrontos mais duros entre os principais concorrent­es ao Palácio dos Bandeirant­es. Com críticas mútuas sobre “abandono” de cargo, o ex-prefeito João Doria (PSDB) e o atual governador Márcio França (PSB) protagoniz­aram os maiores embates do evento, promovido ontem pela TV Record.

Após receber ataques indiretos sobre sua saída da Prefeitura com 15 meses de gestão, o tucano chamou o governador de “Márcio Taxa” por propor aumentar o imposto para quem morar próximo a futuras linhas de trem e metrô e disse que França “abandonou” a prefeitura de São Vicente, onde foi prefeito por dois mandatos (19972004), para fazer a campanha presidenci­al de Anthony Garotinho em 2002 – atualmente ele é candidato ao governo do Rio pelo PRP e teve a candidatur­a barrada pela Justiça.

O candidato do PSB rebateu dizendo que Doria “traiu” o exgovernad­or e presidenci­ável tucano Geraldo Alckmin e tenta agora ser governador como “prêmio de consolação” depois de não ter conseguido disputar a Presidênci­a. “Você vai falar em abandono? Você traiu seu candidato a presidente, queria a vaga do Alckmin e resolveu ser governador de São Paulo como prêmio de consolação”, disse França. O próximo e último debate ao governo será na próxima terça-feira, na TV Globo.

Para França, que assumiu o Estado em abril, após a renúncia de Alckmin para concorrer a presidente, Doria “atrapalhou os planos de Alckmin para a Presidênci­a” – o ex-governador é o quarto colocado nas pesquisas e perde para Jair Bolsonaro (PSL) em São Paulo. O candidato do PSB ainda acusou Doria de “brincar com sua doença” na propaganda do horário político, ao exibir fotos antes de realizar a cirurgia bariátrica, recomendad­a por seu médico para ajudar no tratamento do diabete, e associá-lo ao PT. “Sua vaidade não tem limites, seu dinheiro não compra pessoas dignas, tenha mais cuidado com o que fala”, disse. O tucano rebateu chamando França de “esquerdist­a” e dizendo “que ele não assume o que faz”.

A última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada no início da última semana mostrou que Doria continua tecnicamen­te empatado com Paulo Skaf (MDB), com 22% e 24%, respectiva­mente, e França cresceu mais uma vez nas intenções de voto, chegando a 12%. Estagnado em quarto lugar, com 6%, Luiz Marinho (PT) dirigiu seus ataques a Skaf e a Doria, a quem disse que o PSDB “acabou com os empregos em São Paulo”. Doria contra-atacou dizendo que o PT entende de criminalid­ade, já

• Ataques “Você traiu seu candidato a presidente, queria a vaga do Alckmin e resolveu ser governador de São Paulo como prêmio de consolação.” Márcio França CANDIDATO PSB

“O chefe maior da quadrilha criminosa do PT (o ex-presidente Lula) está em preso (em Curitiba).” João Doria CANDIDATO PSDB

que “o chefe maior da quadrilha criminosa do PT (o ex-presidente Lula) está em preso (em Curitiba)”. Marinho respondeu: “O que João Doria fez aqui não se faz. Talvez você pudesse visitar seus amigos que também foram presos. Os governador­es do Paraná, Goiás, Minhas Gerais, o Paulo Preto (Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa), o Laurence (Casagrande, ex-presidente da Dersa). Ou seja, você senta no próprio rabo e fala dos outros”.

Já Skaf evitou o confronto direto com seus oponentes, mas foi criticado por pertencer ao partido do presidente Michel Temer. Na saída do debate, Doria reiterou os ataques a França dizendo que ele é “um esquerdist­a disfarçado” e “apoiou Lula”. Questionad­o sobre o fato de ele ter sido secretário e vice de Alckmin, Doria respondeu: “Não fui eu que escolhi”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil