Kavanaugh, entre Clarence Thomas e Robert Bork
Pelas acusações de molestação sexual, a sabatina no Senado de Brett Kavanaugh, o juiz indicado por Donald Trump para a Suprema Corte, tem sido comparada à de Clarence Thomas, em 1991. Acusado de assédio, Thomas foi confirmado pelo placar apertado de 52 a 48, com o voto de 11 democratas (situação hoje impensável).
Só que o objetivo da manobra democrata para revelar a identidade da principal acusadora de Kavanaugh é repetir o resultado de outra sabatina, a de Robert Bork, o conservador rejeitado por 58 votos a 42 em 1987, cujo nome virou até verbo. Por coincidência, Kavanaugh foi indicado à mesma cadeira antes destinada a Bork, depois ocupada por Anthony Kennedy.
Dos 49 senadores democratas, só dois não declararam voto contra Kavanaugh. Entre os 51 republicanos, há também dois votos em aberto. Na sexta-feira, surgiu uma quinta incógnita. O republicano Jeff Flake insistiu, na sessão da Comissão de Justiça que aprovou Kavanaugh, numa investigação do FBI antes da votação em plenário.
Foi um revés para a liderança republicana, que pretendia encerrar a questão rápido – e evitar o risco de perder a maioria no Senado nas legislativas de novembro e de ficar sem a vaga na Suprema Corte (como ocorreu com Merrick Garland, o indicado por Barack Obama que o Senado se recusou a ouvir). O plenário dirá se Kavanaugh repetirá a história de Thomas ou a de Bork.