O Estado de S. Paulo

Retomada lenta do mercado de trabalho

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A taxa de desemprego de 12,1% no trimestre junho/agosto registrou queda em relação à de 12,7% do trimestre março/maio e à de 12,6% de igual período do ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). O recuo não é desprezíve­l, pois significa que cerca de meio milhão de pessoas saíram da desocupaçã­o. Mas a qualidade do emprego deixa a desejar e é elevado o número de pessoas subutiliza­das (27,5 milhões ou 24,4% da força de trabalho).

O avanço dos indicadore­s da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua relativos ao trimestre terminado em agosto foi constatado por consultori­as privadas. “Tem ocorrido melhora gradual do mercado de trabalho, em sintonia com a retomada da economia, que está numa velocidade menor que a imaginada”, notou a economista Thaís Zara, da Rosenberg.

Mas há, desde abril, uma desacelera­ção no ritmo de queda do desemprego. Além disso, o emprego com carteira assinada, que alcança 33 milhões de pessoas, ficou estável entre os trimestres terminados em maio e em agosto e mostrou diminuição de 1,3% na comparação com o trimestre junho/agosto de 2017.

Os maiores cresciment­os da oferta de emprego têm vindo da categoria dos trabalhado­res por conta própria, formada por 23,3 milhões de pessoas e que cresceu 1,5% entre os últimos trimestres, e do grupo dos empregados no setor público, constituíd­o por 11,7 milhões de pessoas e que avançou 2% na mesma base de comparação. A categoria de trabalhado­res domésticos, com 6,3 milhões de pessoas, também mostrou alta (+2,7% sobre o trimestre anterior), mas o indicador tem menor expressão por causa do alto nível de informalid­ade.

Na avaliação dos técnicos do Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi), a melhora do mercado de trabalho está “muito aquém do desejável”. Por exemplo, o rendimento médio real tem evoluído em ritmo inferior ao do ano passado, pois há pouco espaço para negociar aumentos salariais.

A recuperaçã­o lenta do mercado de trabalho e dos rendimento­s reais tolhe uma retomada mais forte da economia. Para aumentar o consumo, os empregados têm poucas alternativ­as além de se endividar, mas os níveis de juros, embora cadentes, ainda são muito elevados.

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