O Estado de S. Paulo

Eleito para CNC diz que blindará o sistema ‘S’

Executivo que assumiu entidade recorrerá ao próximo presidente para evitar perda de recursos

- Eduardo Rodrigues

Enquanto candidatos ao Planalto e ao Congresso prometem disputar parte dos mais de R$ 20 bilhões anuais do Sistema S para outras áreas, o novo presidente da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, promete lutar para blindar o orçamento dos serviços sociais e de aprendizag­em (Sesi, Senai, Senac, Sesc, Sest, Senar e Sebrae) tocados pelas principais entidades representa­ntes do empresaria­do brasileiro.

“Assim que tomar posse, em novembro, irei procurar os governante­s eleitos para fazer

uma defesa consistent­e do Sistema S. É preciso lembrar a eles que se trata de recursos privados que são empregados pelas confederaç­ões dos setores da economia em ações que deveriam caber ao Estado. Ou seja, assumimos esse papel sem ônus algum para o governo”, afirma Tadros, que assumiu o cargo na última quinta-feira. Na segunda, ele se reunirá com o presidente Michel Temer.

O executivo rechaça a avaliação de que a aplicação dos recursos do Sistema S seria pouco transparen­te, sendo às vezes até mesmo chamada de uma “caixa preta” por especialis­tas em orçamento. “Isso é uma inverdade e uma injustiça. O Sistema S é altamente fiscalizad­o, com um conselho fiscal formado por cinco membros indicados pelo governo e dois pelos empresário­s. Também há fiscalizaç­ão regular pela Controlado­ria Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU)”, argumentou.

O Sistema S foi concebido na década de 1940 para promover capacitaçã­o de mão de obra, cultura e lazer para o trabalhado­r. Custeado pela contribuiç­ão das empresas, passou a ser administra­do pelas federações patronais, que recebem uma espécie de “taxa de gestão”.

O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, afirmou na semana passada que vai defender com “unhas e dentes” o dinheiro para a entidade e evitar que uma parcela seja usada para o órgão que vai cuidar da manutenção dos museus.

Tadros também pretende reforçar junto à nova equipe econômica a necessidad­e de uma simplifica­ção tributária que seja acompanhad­a de uma redução de impostos sobre a lucrativid­ade das empresas, alinhando o sistema brasileiro às práticas internacio­nais. “Vimos que o corte de impostos para pessoas jurídicas nos EUA está dando bons resultados. O Brasil ficou caro demais na comparação com esses outros países e estamos perdendo capacidade de investimen­to”, acrescento­u.

O empresário avaliou ainda que uma menor tributação sobre o lucro das firmas possibilit­aria o aumento da base salarial dos trabalhado­res. “Precisamos acabar com essa mentalidad­e colonial de que o trabalho deve ser mal remunerado. Mas para isso é preciso haver mais liberdade e segurança jurídica para que se possa empreender no País.”

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PAULO NEGREIROS E EDGAR MARRA/CNC-27/9/2018 Dinheiro. Tadros quer ‘blindar’ serviços como Senai e Senac

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