O Estado de S. Paulo

Opala de 1974 faz parte da vida de engenheiro há 44 anos

Cupê da Chevrolet foi comprado novo pelo pai do engenheiro do Metrô Walter Costa Teixeira e nunca mais abandonou a família

- Thiago Lasco

As amizades verdadeira­s atravessam os anos e até mesmo décadas. E o Chevrolet Opala de 1974 desta reportagem é um belo exemplo disso. O cupê foi comprado novo pelo pai do engenheiro do Metrô de São Paulo Walter Costa Teixeira e nunca abandonou a família. “De vez em quando, meu pai até ia a alguma concession­ária ver o preço de um modelo novo. Mas acabava preferindo não se endividar, desistia da compra e assim foi ficando com o Opala”, conta Teixeira. “Com o tempo, o carro deixou de ser aceito como parte do pagamento de outro novo. E, no fundo, meu pai já tinha se apegado a ele e não tinha coragem de vendê-lo.”

Nascido em 1976, o engenheiro se acostumou a ter o Chevrolet por perto desde cedo. O cupê inclusive o acompanhou em uma gincana escolar, na qual foi usado como carro alegórico. Nas férias, era sempre com ele que a família ia visitar os parentes em Florianópo­lis e Angra dos Reis, no sul fluminense.

Mais tarde, o Chevrolet deu ao metroviári­o suas primeiras lições de direção e o levou às aulas na faculdade. Mas conquistar a namorada (hoje esposa) dele não foi tão fácil. “No dia em que finalmente consegui convencê-la a dar uma volta no Opala, tomamos um enquadro da polícia e fomos até revistados. Ela ficou com trauma do carro”, ele lembra.

Apesar disso, Teixeira bem que tentou usar o cupê para levar os dois à igreja no dia de seu casamento, em 2009. Mas o carro teve problemas mecânicos e não foi devolvido a tempo pela oficina – o engenheiro está brigando com a empresa na Justiça até hoje por causa disso.

Depois do casamento, o Opala tornou-se definitiva­mente um carro de garagem, com passeios esporádico­s. Atualmente com 310 mil km rodados, o cupê nunca foi restaurado. No histórico constam uma retífica de motor e a repintura da carroceria. Íntegro, o Chevrolet chama atenção por onde passa.

“O carro já fazia muito sucesso na época em que eu estava na faculdade, quando meus amigos o chamavam de ‘Trovão Azul’, por causa da cor. Hoje, o pessoal me aborda no semáforo, me dá os parabéns por ele”, comenta Teixeira, orgulhoso.

Como o cupê passa mais tempo na garagem que em uso, o metroviári­o reconhece que vendê-lo faria sentido. Isso consideran­do apenas o ponto de vista racional. “Mas aí eu dou uma volta nele e a emoção fala mais alto. Ao volante, volto a outro tempo e esqueço meus problemas. Para mim é como uma sessão de terapia.”

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FELIPE RAU/ESTADÃO
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FOTOS: FELIPE RAU/ESTADÃO
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Walter Costa Teixeira ENGENHEIRO • DIVÃ MOTORIZADO Dou uma volta nele e a emoção fala alto. Ao volante, volto a outro tempo e esqueço dos meus problemas. Para mim, é como se fosse uma sessão de terapia.
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Íntegro. Carro nunca passou por restauraçã­o. Em seu histórico há apenas uma retífica de motor e a repintura da carroceria
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