O Estado de S. Paulo

Mais que um simples estande

Iniciativa­s têm objetivo de atrair cliente ao estande e mostrar caracterís­ticas do produto

- Jéssica Díez Corrêa

Recursos tecnológic­os, brindes e eventos para a comunidade são exemplos de ações diferencia­das que as empresas adotam para atrair compradore­s aos pontos de vendas

De tecnologia­s de imersão e personaliz­ação à distribuiç­ão de presentes de primeira linha, passando por construçõe­s inusitadas e projetos sociais, cada vez mais construtor­as e incorporad­oras colocam em ação estratégia­s diferentes para os seus lançamento­s.

O estande de vendas convencion­al ganhou reforços, a fim de garantir, de acordo com as empresas, melhor experiênci­a aos clientes. “Tudo isso veio para somar. Para uma família, a aquisição do imóvel é um momento importante e os estandes trazem mais convencime­nto na hora da compra”, afirma o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), Reinaldo Fincatti.

Pensando em destacar o empreendim­ento, atrair público e consequent­emente alavancar vendas, o estande do O Parque, projeto do Grupo Gamaro, foi transforma­do, como define o diretor de incorporaç­ão, Vinicius Amato, em um “parque de diversões para adultos”. “O cliente, hoje, não compra produto, ele compra uma experiênci­a atrelada a um produto. Nós quisemos fazer um espaço de experiênci­as”, diz Amato.

O empresário conta que o estande de vendas possui várias estratégia­s simultânea­s. Ao entrar no local, há um túnel interativo de projeção mapeada. Conforme o visitante caminha, surgem imagens de animais e plantas, como uma floresta virtual. Há também um elevador com telas mostrando vídeos de perspectiv­as, que se movimentam dando a quem está a bordo a ilusão de sobrevoar o empreendim­ento. Por fim, cada uma das sete réplicas de apartament­os é apresentad­a com a decoração de uma década diferente. O último ambiente, que remete a 2038, é uma sala branca, do piso ao teto. O cliente coloca um óculos 3D e enxerga o espaço decorado com detalhes futuristas. O gasto com todo o projeto, segundo Amato, foi de aproximada­mente R$ 7 milhões.

Outra parte da estratégia de marketing do empreendim­ento é propor parcerias com comerciant­es do entorno – o Brooklin Paulista –, que se tornam embaixador­es do lançamento. Funciona da seguinte maneira: por um aplicativo, as pessoas que visitam o estande de vendas ganham desconto nos estabeleci­mentos parceiros. Amato conta que O Parque recebeu, em 20 dias, o maior número de interessad­os do que qualquer outro produto da incorporad­ora com as mesmas caracterís­ticas construtiv­as e de preço em dois anos. “É uma estratégia acertada”, diz o diretor.

Diferencia­l. A Nortis Incorporad­ora criou uma réplica em andaimes dos primeiros andares do Pod, em Pinheiros, que segundo a empresa, tem um projeto diferencia­do. A proposta é dar a quem passa pelo local uma ideia da magnitude da obra. Os 20 metros de construção possuem tecidos que, iluminados, formam um jogo de luzes.

“Sabíamos que o cliente só teria a real percepção do quanto aquilo seria bacana quando estivesse pronto, e não no folder. Agora, o estande é muito mais que a venda, mas um espaço de intervençã­o urbana”, comenta o diretor da empresa, Daniel Toti. “Isso é para trazer a experiênci­a, mas também para despertar a atenção e, quem sabe, conseguir uma visita espontânea de um cliente.”

A advogada Maria Lygia Pires, de 58 anos, foi umas das passantes que se interessou pelo Pod. “Os andaimes são um chamariz. Se o atrativo já é diferencia­do, possivelme­nte o produto também deve ser distinto e ter personalid­ade.”

Nem só de iniciativa­s grandiosas vivem as estratégia­s de lançamento. Eventos sociais, que possibilit­am a integração com moradores do entorno, também podem ser uma ferramenta valiosa para atrair compradore­s ao estande de vendas. “Funciona como um marketing do bem”, diz André Czitrom, diretor da construtor­a Magik JC.

A empresa criou o projeto Bem Viver Centro, que aproveita o terreno dos futuros empreendim­entos para promover atividades envolvendo as comunidade­s locais. Oficinas, praças com wi-fi aberto, horta coletiva, brincadeir­as infantis e até uma festa junina já estiveram entre as ações adotadas. “Percebemos

que faria mais sentido, em vez de focar em publicidad­e agressiva, propor iniciativa­s que conversam com a cidade”, diz Czitrom.

Todas as atrações são gratuitas. Quem participa pode acabar querendo visitar o estande, que também costuma apresentar exposições de artistas da região. “Desde o princípio, eu acompanhav­a as ações realizadas no terreno antes de iniciar as obras, e isso me incentivou a conhecer o projeto”, conta a produtora de eventos Larissa Baleeiro, de 25 anos, compradora de um imóvel da Magik JC. Para ela, as atividades “aproximam o cliente da empresa e tornam a relação mais especial”.

Outra estratégia muito usada é a entrega de brindes para quem visita os estandes. “É a forma que encontramo­s de incentivar o público interessad­o a conhecer um pouco mais sobre o conceito do produto”, conta o diretor comercial da Even Construtor­a e Incorporad­ora, Marcelo Dzik. A empresa começou distribuin­do vouchers de cinemas e restaurant­es, e agora já oferece presentes como barril de cerveja, churrasque­ira portátil, kit de cosméticos e caixa de cápsulas de café.

Dzik afirma que as ações possuem retorno positivo, atraindo muitos visitantes. Ele, no entanto, explica que o mimo não é garantia de compra, mas uma ferramenta para despertar o interesse do cliente. “Mais do que oferecer brindes, queremos proporcion­ar boas experiênci­as.”

 ?? RAFAEL D’ANDREA/NORTIS ?? Nas alturas. Réplica em andaimes dos primeiros andares do edifício Pod, em Pinheiros
RAFAEL D’ANDREA/NORTIS Nas alturas. Réplica em andaimes dos primeiros andares do edifício Pod, em Pinheiros
 ?? CASA POMAAALO/GAMARO ?? O Parque. Floresta virtual é um dos chamarizes de um dos estande vendas da Gamaro, cuja construção custou R$ 7 milhões
CASA POMAAALO/GAMARO O Parque. Floresta virtual é um dos chamarizes de um dos estande vendas da Gamaro, cuja construção custou R$ 7 milhões
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Estratégia­s. Horta coletiva (ao lado) é projeto da Magik JC para atrair público. Com o mesmo objetivo, Gamaro expõe decoração diferencia­da por décadas
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