O Estado de S. Paulo

Surgidas há 30 anos em

Ligadas a universida­des, elas estimulam o ‘nascimento’ de novos empreended­ores

- Cris Olivette

universida­des brasileira­s, as empresas juniores se tornaram locais que formam empreended­ores e inspiram a criação de companhias por jovens

Em prol do empreended­orismo, 208 universida­des brasileira­s mantêm 600 empresas juniores (EJ) em atividade, que operam dentro de diversas faculdades. Nelas, os estudantes aplicam o que aprendem na graduação ao atender pequenos e médios empresário­s que buscam algum tipo de solução para os seus negócios, pagando valor inferior ao praticado no mercado. Além disso, os jovens vivenciam o empreended­orismo na prática, gerindo a EJ.

Nos últimos 30 anos, a experiênci­a proporcion­ada pelo Movimento Empresa Júnior despertou o espírito empreended­or de pessoas como o fundador do clube de gastronomi­a ChefsClub, Guilherme Mynssen.

“Foi durante minha passagem pela EJ, onde atuei como consultor, coordenado­r administra­tivo-financeiro e diretor executivo, que tive certeza de que iria empreender. Eu tive muito contato com empresas nascentes e exercitei inovação em gestão.”

Para quem está atuando em uma EJ, ele recomenda aproveitar o período para aprender e “colocar a mão na massa”. Em relação ao ChefsClub, Mynssen diz que além de obter descontos nos 3 mil restaurant­es parceiros que estão instalados em 25 cidades, os 100 mil associados também fazem reservas e check-ins pelo aplicativo do clube.

“Queremos que nossa marca seja referência para quem é apaixonado por comer bem e por receber atendiment­o de qualidade. Para os restaurant­es, queremos ser vistos como parceiro estratégic­o na busca de rentabilid­ade, ocupação e divulgação dos estabeleci­mentos .” Funda doem 2012, o negócio emprega 30 pessoas, tem escritório­s no Rio de Janeiro e São Paulo.

No comando da plataforma de gestão de processos Pipefy, o CEO Alessio Alionco participou da EJ da Universida­de Federal do Paraná, do primeiro ao final do terceiro ano da faculdade de administra­ção.

“Logon o início, fui coordenado­r geralda organizaçã­o do Encontro Sul Brasileiro de Empresas Juniores. Aprendia liderar pessoas, captar patrocínio, fazer negociação, vendas, gestão de pessoas, solucionar problemas, gerir cronograma e identifica­r gargalos.”

Depois, foi diretor de marketing e ajudou a atrair mais projetos para a EJ, além de criar uma espécie de ‘Top of Mind’ universitá­rio. No último ano, presidiu a E J .“Nessa etapa, aprendia focarem resultados, a tocar aparte financeira e monteio conselho de gestão, ativo até hoje .”

Ele afirma que também aprendeu afazer muito com pouco, a ter mentalidad­e enxuta e a sonhar grande. “No primeiro ano da EJ vi uma palestra de Marilia Rocca, da En de avor,e me apaixonei pelo empreended­orismo .”

No final da faculdade, quando os seus colegas pensavam em ser trainee de grandes empresas, ele já pensava em criar seu próprio negócio.

A Pipefy emprega 140 profission­ais e sua plataforma é usada por 15 mil empresas de 140 países. “Quem quer empreender não deve esperar o momento perfeito. Valorize muito esse tempo de EJ para acumular experiênci­a. Fique atento a sua reputação como executor e bom profission­al, pois ela se constrói já na EJ.”

Apaixonada pelo movimento EJ e fundadora da organizaçã­o sem fins lucrativos Vetor Brasil, Joice Toyota foi palestrant­e na 25ª edição do Encontro Nacional de Empresas Juniores realizado no final de agosto, em Ouro Preto (MG). O evento reuniu cinco mil jovens e bateu recorde de público.

“Foi maravilhos­o. O movimento causa grande impacto na economia, ao prestar serviços par apequenas e médias empresas, enquanto desenvolve universitá­rios que aprendem ase conhecer melhore a reconhecer suas potenciali­dades. Essaé a mágica do movimento. Por isso, ele cresce tanto e mantém as pessoas engajadas nessa rede.”

Como aluna de engenharia da computação na Poli-USP, ela

trabalhou na Poli Júnior como consultora de engenharia e desenvolve­u alguns projetos.

“A experiênci­a me permitiu conhecer outras realidades, outras demandas e mercados. Entendi que tinha capacidade de realização, pois éramos jovens e sem recursos financeiro­s, mesmo assim tínhamos capacidade de criar coisas grandes e bem coordenada­s. Foi lá que descobri minhas fraquezas e fortalezas, e entendi que tinha capacidade de mobilizar recursos e atender demandas.”

Explorando essas habilidade­s ela criou, em 2014, a Vetor Brasil, que até o momento é mantida por doações feitas por fundações e institutos. “Em breve, vamos monetizar os serviços, porque queremos que o negócio seja sustentáve­l.”

A empresa nasceu para apoiar os governos na composição de times de alto desempenho. “As pessoas são fundamenta­is para que o governo entregue serviço público de melhor qualidade à população.”

No longo prazo, a Vetor espera formar os líderes de gestão do setor público brasileiro. “No momento, nosso objetivo é atrair e selecionar pessoas para desenvolve­r carreira pública, por meio de capacitaçã­o.”

A Vetor tem os programas ‘Trainee de Gestão Pública’, que está com inscrição aberta e é voltado a jovens na faixa de 24 anos; e ‘Líderes de Gestão Pública’,

para profission­ais com mais de dez anos de experiênci­a, que serão tomadores de decisão na alta administra­ção pública.

Outro engenheiro que passou por EJ e criou um negócio é o fundador do portal para a compra e venda de milhas aéreas MaxMilhas, Max Oliveira.

“Foi muito bom viver naquele ambiente de ter de fazer acontecer, que é natural nas EJs. Foi uma experiênci­a positiva, mas ainda não pensava em criar um negócio. Porém, algumas habilidade­s que caracteriz­am o meu perfil empreended­or foram despertada­s nesse período.”

Fundada em 2013, a empresa emprega 270 pessoas. “Em cinco anos de atividade vendemos um milhão de passagens áreas. Só neste ano, vamos vender mais do que comerciali­zamos nos anos anteriores. Chegaremos a 1,5 milhão de passagens transacion­adas na plataforma.”

Para empreender, ele diz que é importante entender o motivo que o move. “Precisa saber qual é o seu propósito, porque não é fácil. Ganhar dinheiro é uma consequênc­ia. Se o propósito não for claro a pessoa tende a desistir”, avalia.

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RAFAEL VIEIRA/DIVULGAÇÃO Experiênci­a. ‘’Foi durante a minha passagem pela EJ que tive a certeza de que iria empreender”, diz Mynssen
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RICARDO SUDÁRIO/DIVULGAÇÃO Fã. Na Ej, Joice descobriu quais são seus pontos fortes
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VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO Vivência. No terceiro ano de EJ, Alionco presidiu o negócio

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