O Estado de S. Paulo

Samuel Lamas

- M arcelo Lima / REPORTAGEM

Arquiteto radicado em Brasília apresenta sua mais nova coleção de móveis

Estrutura, sustentaçã­o e equilíbrio. Valores intrinseca­mente ligados ao universo da construção civil encontram plena expressão nos móveis desenhados pelo arquiteto Samuel Lamas. Natural de Brasília, onde mantém seu estúdio de criação nas áreas de arquitetur­a, engenharia e design, Lamas é graduado pela Università degli Studi di Roma e traz em seu currículo uma passagem, em 2006, pelo escritório do arquiteto austríaco Massimilia­no Fuksas. Autor, entre outras obras, da gigantesca sede da Fiera Milano, em Rho-Pero, construído, basicament­e, com aço e vidro. “Quando olhamos o aço, reconhecem­os o aço. Quando olhamos a madeira, reconhecem­os de imediato sua natureza, sem subterfúgi­os. Quer se trate de um móvel ou de um edifício, me agrada ver os materiais se expressand­o de forma autêntica”, conforme ele afirmou nesta entrevista ao Casa.

• É possível conciliar lógica matemática e conforto em um mesmo móvel?

Acredito que sim. Desde, claro, que as equações capazes de gerar o desenho da peça estejam subordinad­as às leis da ergonomia. Existe sempre uma altura ideal de assento para uma determinad­a profundida­de e inclinação de encosto e cabe ao designer cuidar para que essas relações sejam observadas. As poltronas Bia, Sandra e Helena, por exemplo, possibilit­am a mesma função: o sentar. Elas possuem diferentes volumetria­s mas, ao menos do ponto de vista estrutural, são resultante­s de operações geométrica­s similares, que envolvem múltiplos e submúltipl­os de quadrados.

• Em sua atual coleção para a Quadra você diz pretender que os materiais se expressem de forma autêntica. O que isso significa?

Um material só pode revelar seu potencial máximo, a verdadeira expressão da sua natureza, quando é percebido em seu aspecto genuíno e dimensiona­do de forma coerente. A pergunta que normalment­e me coloco ao projetar é: quanto material é essencialm­ente necessário e quais ações devem ser realizadas para garantir solidez, beleza e utilidade ao móvel? Na poltrona Sandra, por exemplo, usei um perfil metálico mais robusto na estrutura principal para permitir um movimento mais suave do encosto. O desenho dela sugere fluidez e a amarração entre os perfis garante a estabilida­de. O mesmo acontece na Helena, outro móvel onde procurei alcançar máxima leveza sem compromete­r a funcionali­dade.

Você antes fabricava móveis de forma artesanal. Como foi a transição para o industrial?

A loja Quadra, de Brasília, selecionou alguns designers para compor o acervo de sua nova loja. Eles gostaram da linguagem de meus trabalhos e sugeriram a padronizaç­ão de alguns detalhes no sentido de viabilizar sua produção industrial. Entrei em contato com a fábrica Studio Mais, em São Paulo, e eles toparam trabalhar em parceria. Desenvolve­mos os protótipos ao longo de um ano e lançamos a coleção este mês. O que mudou? Além do aumento na capacidade de produção, o melhor acabamento na pintura, nas soldas e na tapeçarias­ão evidentes. Mas não apenas. Alguns ajustes, conduzidos em fábrica, contribuír­am, e muito, para ampliar o conforto das peças.

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lO designer Samuel Lamas na poltrona Sônia e, acima, o modelo Sandra FOTOS: HARUO MIKAMI
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cDa nova coleção, a banqueta Thais

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