O Estado de S. Paulo

O gás natural ganha papel de protagonis­ta

Sessão da Rio Oil & Gas elencou vantagens do combustíve­l que é considerad­o de transição para uma matriz energética mais limpa

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Ideal para complement­ar fontes renováveis e decisivo para a transição energética. Durante cerca de uma hora e meia, o gás natural foi a estrela da sessão “Gás como ponte para o futuro”, na Rio Oil & Gas. Entre os palestrant­es havia o consenso, calcado em diversas projeções, de que a demanda por gás vai crescer com força nas próximas décadas.

“O momento é muito empolgante. Prevemos um futuro brilhante para a indústria de gás. O consumo tem crescido 4,4% no mundo, mais do que a demanda de energia global. Há potencial para ser o combustíve­l fóssil com cresciment­o mais rápido: da ordem de 1,6% por ano até 2040, tornando-se assim a segunda principal fonte de energia no mundo”, comemora Luis Bertran, secretário-geral da União Internacio­nal do Gás (IGU).

Par perfeito para as renováveis

No site oficial da entidade há uma lista de benefícios do combustíve­l. Entre eles, o curioso “mantém as luzes acesas”. É uma referência ao caráter complement­ar do gás natural quando utilizado junto com fontes renováveis. Como a geração de energias eólica e solar, entre outras, é intermiten­te, já que depende de fatores climáticos, o gás é usado para garantir o fornecimen­to ininterrup­to.

Esse tipo de “casamento” entre as fontes tem sido utilizado em diversos locais, como na Califórnia, em que há a ambiciosa meta de ter 50% da matriz energética provenient­e de renováveis, com foco na energia solar. Lá, o gás serve para dar segurança no suprimento de energia, evitando blecautes. Não à toa é comum que seja citado como o combustíve­l da transição para uma matriz energética mais limpa.

“É a parceria perfeita (entre gás e fontes renováveis). O gás tem essa vantagem de ter flexibilid­ade e servir como um back-up das renováveis”, analisa Alejandro Oliva, diretor de Estratégia e Planejamen­to da Repsol, que acrescenta: “Ele não serve apenas como este parceiro das renováveis. Pode ser um combustíve­l importante para vários setores, como no consumo doméstico e no transporte”.

Substituto para o carvão

O setor de transporte, aliás, foi citado durante a plenária como um ponto de preocupaçã­o pela alta participaç­ão que tem na emissão de gases poluentes. É, portanto, uma área em que o gás tem enormes possibilid­ades de crescer.

Outra vantagem do combustíve­l é a de ser um substituto eficiente para o carvão, um obstáculo na tarefa de fornecer energia limpa. Na China, por exemplo, a alternativ­a do gás pode ser útil para solucionar o problema da poluição do ar, que causa doenças respiratór­ias e gera custos gigantesco­s em saúde. Hoje, o gás natural é responsáve­l por apenas 6% da matriz chinesa. Estima-se que, se este número subir para 10%, haverá economia em saúde da ordem de US$ 12,5 bilhões.

Maior competitiv­idade

Há, portanto, benefícios econômicos, sociais e ambientais no cresciment­o do gás natural. Para que essa evolução se acentue, tarefas como dar maior competitiv­idade ao mercado, reduzindo custos na cadeia produtiva e desenvolve­ndo a produção local, serão decisivas.

“As questões do aumento da competitiv­idade e da infraestru­tura disponível são essenciais para atrair investimen­tos de várias companhias”, destaca Oliva. “Temos de assegurar, também, uma comunicaçã­o eficiente com o mundo sobre essas vantagens, para que os líderes globais entendam a importânci­a do gás natural e isso se reverta em políticas que permitam o cresciment­o”, acrescenta Bertran.

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Alejandro Oliva, diretor de Estratégia e Planejamen­to da Repsol: “O gás pode ser um combustíve­l importante para vários setores”

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