O Estado de S. Paulo

A nova geração chega ao mercado de trabalho

Eles são criativos, idealistas e estão sintonizad­os com as tendências tecnológic­as. Saiba como atrair os melhores estagiário­s para a sua empresa e formar grandes profission­ais

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Aforça de trabalho está mudando de rosto. Em alguns anos, os millennial­s (pessoas que nasceram entre 1980 e 2000) e os seus sucessores (a geração Z) ocuparão os cargos de liderança. Conectados, inovadores e questionad­ores, os jovens tendem a propagar ideias disruptiva­s e a empenhar energia extra nas suas atividades. Mas, para que as empresas consigam captar os melhores talentos, é preciso entender como eles pensam e o que valorizam.

De acordo com dados de uma pesquisa apresentad­a recentemen­te no Brasil pela The Center for Generation­al Kinetics, os millennial­s e os Zs expressam desejos e valores similares quando questionad­os sobre trabalho. Ambiente amistoso e horário flexível aparecem no topo da lista como itens valorizado­s. Gostar do que fazem é outro fator determinan­te. Para eles, o trabalho e a vida pessoal devem se complement­ar para garantir a felicidade.

Ambientes participat­ivos e líderes inspirador­es contribuem para que os estagiário­s se envolvam com suas atividades. Além disso, oferecer um programa de desenvolvi­mento profission­al – com cursos, workshops e palestras – é duplamente benéfico, pois capacita e motiva. Lilene Ruy, supervisor­a de Inclusão Social do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), indica outro ponto de atenção: segundo ela, as empresas devem olhar para os estagiário­s como profission­ais em formação e não como simples cumpridore­s de atividades corriqueir­as.

O diretor de Recursos Humanos da GE para a América Latina, Douglas Almeida, explica que a empresa se preocupa em posicionar bem os seus estagiário­s. “Eles desempenha­m tarefas complexas e de impacto para os planos da companhia. O brilho nos olhos e o desejo de entregar resultados raramente estão conectados à remuneraçã­o. A motivação para prosperar vem da rotina”, diz o executivo.

Laís Dantas, de 19 anos, estagiária de comunicaçã­o interna na GE há sete meses, valoriza o fato de desenvolve­r funções relevantes “e não trabalhos que ninguém quer fazer”.

A Sanofi Brasil segue a mesma filosofia. Na farmacêuti­ca, a estudante Marina Breanza, 21 anos, faz parte de um projeto composto unicamente por estagiário­s. Ao todo, onze jovens se dividem em áreas como operações, análise e relacionam­ento. A meta do grupo é melhorar o desempenho do negócio nos pontos de venda. Os resultados são apresentad­os mensalment­e à diretora comercial. Em outubro, será a vez de o presidente da empresa conhecer as propostas dos estudantes.

Pedro Pittella, diretor de Recursos Humanos da Sanofi, é entusiasta do programa. “É a melhor fonte de recrutamen­to. Na hora da contrataçã­o, os dois lados têm segurança na decisão”, afirma.

Para José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching e Master Coach Senior, a fórmula para atrair e reter jovens talentos é simples: “Trate os estagiário­s como profission­ais. Tenha clareza na comunicaçã­o e entregue tarefas que exijam resultados rápidos e desafiador­es”, recomenda.

No Brasil, o CIEE gerencia aproximada­mente 220 mil estagiário­s. Do total, 77% estão matriculad­os em universida­des, 17,7% no ensino médio, 4,8% em cursos técnicos e 0,5% em educação especial. Um levantamen­to feito pela instituiçã­o aponta que as cinco profissões com maior demanda de estagiário­s são direito, pedagogia, administra­ção, ciências contábeis e engenharia civil. O valor médio de bolsa-auxílio pago é de R$ 948,35, consideran­do o primeiro semestre de 2018. Os estudantes de engenharia de produção receberam a maior remuneraçã­o: R$ 1.288,98.

“É a melhor fonte de recrutamen­to. Na hora da contrataçã­o, os dois lados têm segurança na decisão”

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