O Estado de S. Paulo

Experiênci­a não importa

Espírito inovador, velocidade e entusiasmo são caracterís­ticas valorizada­s pelas startups na hora de contratar seu time

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As startups crescem rapidament­e em todo o mundo. No Brasil, já são 6 mil negócios formais desse tipo – o número é 58% maior do que o registrado em 2012 pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Para se ter ideia do potencial, no começo deste ano, o aplicativo de transporte 99, atualmente controlado pela chinesa DiDi Chuxing, se tornou o primeiro unicórnio brasileiro – termo utilizado para denominar startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais.

Geralmente focadas em soluções para a vida e as cidades, as startups contam com bases enxutas e processos desburocra­tizados. Atraem os jovens para os seus escritório­s modernos justamente por oferecerem produtos inovadores, ambientes criativos e gestão horizontal. Os estagiário­s entram para os times a partir de contratos simplifica­dos de até dois anos, tempo suficiente para adquirirem experiênci­a e contribuír­em para o cresciment­o do negócio. Além da agilidade de contrataçã­o, o pequeno empreended­or tem a oportunida­de de agregar à equipe jovens com grande conhecimen­to teórico, ideias novas e determinaç­ão. Para os negócios, os estagiário­s representa­m baixo impacto financeiro.

Algumas startups experiment­am o sucesso dessa parceria. É o caso da paulistana Soul Urbanismo, que projeta e implanta parklets – pequenas áreas de lazer – em calçadas. Com dez colaborado­res e quatro anos de atividade, a empresa já contratou um funcionári­o recém-formado via Instagram e uma nova estagiária a partir do contato feito pelo Facebook. Tudo isso por intermédio de um processo de seleção personaliz­a- do pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

Augusto Aielo é CEO e fundador da Soul, mas prefere ser chamado de “faz-tudo”. Ele diz que as startups são excelentes portas de entrada para os estagiário­s. Com estrutura reduzida, distribuem mais responsabi­lidades aos iniciantes do que as grandes organizaçõ­es. “Tem de ser realmente parte da equipe, senão não vale a pena”, afirma. O único pedido que Aielo fez ao CIEE, na hora de criar o processo seletivo, foi descartar os currículos dos candidatos. “Nesse caso, experiênci­a não importava. Estávamos interessad­os em habilidade­s e comportame­ntos, não nos currículos. Tanto que a estagiária que escolhemos nunca tinha estagiado antes. Ela se destacou por conseguir trabalhar em equipe sem impor somente as próprias vontades e, ao mesmo tempo, se posicionar de forma correta. A Beatriz tem tudo a ver com a gente e está voando”, conta.

A startup Coddera, que atua no segmento de softwares e soluções corporativ­as personaliz­adas, também contou com o CIEE para desenvolve­r um processo seletivo personaliz­ado. “O CIEE vive uma nova fase, mais dinâmica e moderna, e vem se adaptando às mudanças do mercado”, explica Cristiana Mango, supervisor­a de Planejamen­to e Inteligênc­ia de Mercado da entidade.

Durante a Expo CIEE 2018, maior feira estudantil da América Latina, os recrutador­es avaliaram 50 candidatos. Os jovens, estudantes de ciências da computação, foram desafiados a participar de um hackathon, maratona de programaçã­o que tem o objetivo de criar um novo aplicativo, software ou hardware. Uma vaga de estágio estava em jogo, mas a Coddera saiu de lá com mais dois, tamanho o sucesso da seleção.

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