O Estado de S. Paulo

Ex-governador­es são as ‘caras novas’ na Casa

- Paulo Beraldo

No próximo dia 7, os brasileiro­s elegerão, no mínimo, 22 senadores ‘novos’, ou 40% do total de vagas em disputa. Em 18 Estados, ao menos um dos dois parlamenta­res com direito a reeleição abdicou da disputa para tentar outros cargos ou deixar a vida política. No cenário, há desde candidatos a vice-presidente, como Ana Amélia (PP-RS), a nomes como José Agripino (DEM-RN) que, após quatro mandatos na Casa, vai tentar ser deputado federal. A esse grupo se somam Aécio Neves (PSDB-SP), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSBBA) e Hélio José (PROS-DF).

O caso do senador do Rio Grande do Norte é emblemátic­o. Questionad­o se estaria deixando de tentar o Senado pela possibilid­ade de não ser eleito, Agripino, que é investigad­o pela Lava Jato, negou. “Abri mão de ser candidato a senador com o objetivo, que consegui, de trazer partidos novos para apoiar a candidatur­a que quero ver vitoriosa ao governo do meu Estado (de Carlos Eduardo, do PDT)”.

A renovação vai ser total para pelo menos 63 milhões de eleitores, que deverão, obrigatori­amente, escolher dois novos senadores em seus Estados: São Paulo, Minas e Bahia, três dos maiores colégios eleitorais do País, não têm seus atuais senadores na lista de candidatos. Mato Grosso completa essa lista.

Mas as caras novas estão longe de representa­r novidade. Exgovernad­ores como Marconi Perillo (PSDB-GO), Beto Richa (PSDB-PR), Cid Gomes (PDTCE), Jaques Wagner (PT-BA), Jarbas Vasconcelo­s (MDB-PE), Wilson Martins (PSB-PI), Confúcio Moura (MDB-RO) e Raimundo Colombo (PSD-SC) estão entre os nomes que seriam eleitos hoje, segundo as pesquisas do Ibope. Em São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), que foi senador por 24 anos, lidera a corrida; no Rio Grande do Sul, José Fogaça (MDB), senador em duas outras ocasiões.

Para o professor Marco Aurélio Nogueira, da Unesp, a combinação das regras eleitorais, a desinforma­ção do eleitorado e o financiame­nto das campanhas explicam a prevalênci­a de nomes com maior visibilida­de e força nos Estados. “É uma oligarquia política. Muitos estão com o controle dos processos na mão e são capazes de exercer pressão para que outros concorrent­es não sejam expressivo­s.”

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