Manifestações lotam ruas; Bolsonaro deixa hospital em SP
Protestos foram convocados a partir de movimento de mulheres nas redes sociais; também houve atos favoráveis ao presidenciável do PSL
Ato contra o candidato do PSL Jair Bolsonaro tomou ontem o Largo da Batata em São Paulo (foto). Protestos, convocados por movimentos de mulheres nas redes, se repetiram em todas as capitais e no interior. Houve também atos pró-Bolsonaro em 13 capitais. Ele deixou o hospital e voou para o Rio. No avião, recebeu vaias e aplausos.
Manifestantes fizeram ontem protestos em todas as capitais e no Distrito Federal, além de cidades no exterior (como Lisboa, Paris e Washington), contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro. Os atos foram convocados a partir de movimento de mulheres nas redes sociais. Em São Paulo, a concentração tomou ruas no Largo da Batata, na zona oeste. No Rio de Janeiro, ocorreu na Cinelândia, enquanto em Brasília o local escolhido foi a Rodoviária no Plano Piloto, na região central. No mesmo período, mas em menor volume, também foram feitas manifestações em pelo menos 13 capitais a favor de Bolsonaro.
Nos protestos contra o presidenciável do PSL – que teve alta ontem do Hospital Albert Einstein (mais informações na pág. A12) –, cartazes de #elenão, termo que simboliza o movimento na internet, se misturaram a bandeiras de partidos políticos e a faixas de movimentos sociais. Em São Paulo, das candidatas que estão na disputa presidencial, apenas a senadora Ana Amélia (PPRS), vice de Geraldo Alckmin (PSDB), não passou pelo ato. Ela estava em campanha em Porto Alegre, junto com o tucano.
Estavam presentes a presidenciável
Marina Silva (Rede), a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), vice de Ciro Gomes (PDT), a deputada estadual Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), vice de Fernando Haddad (PT), e a líder indígena Sonia Guajajara (PSOL), vice de Guilherme Boulos (PSOL). Para evitar críticas sobre o uso político do evento, elas optaram por não subir no carro de som, aberto apenas para mulheres.
Marina comentou a declaração de Bolsonaro de que ele não aceitaria o resultado da disputa caso não fosse o eleito “Parece um discurso de quem está amarelando diante da crítica da opinião
pública.” Para as organizadoras, foram 150 mil pessoas; a Polícia Militar não fez estimativa.
No Rio, os manifestantes contra Bolsonaro saíram da praça da Cinelândia e seguiram para um ato, no início da noite, na Praça XV. Como em São Paulo, o público era variado. Havia bandeiras de legendas como PDT e PSTU, assim como material de campanha de Ciro e do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ).
“Alguém que olha para a maioria de nós e não consegue ver um ser humano completo não deveria nem ser candidato”, disse a estudante Theodora Frana, referindo-se
a declarações do presidenciável consideradas ofensivas a mulheres, negros e homossexuais. Uma bandeira com a imagem da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março, também foi usada.
Em Copacabana, apoiadores de Bolsonaro promoveram o ato “Mulheres com Bolsonaro”. A manifestação chegou a interromper uma das pistas da Avenida Atlântica, em Copacabana. O público era formado tanto por mulheres quanto por homens e se espalhou por um trecho de cerca de 100 metros. “Aqui tem mãe solteira, tem mãe com dificuldade
para pagar suas contas, que se vira nos trinta”, declarou a ex-ativista do grupo feminista Femen Sara Winter. Candidata a deputado pelo DEM, ela fez foto segurando um “fuzil” de papelão.
Brasília. O protesto em Brasília reuniu cerca de 7 mil manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar (para as organizadoras, foram 30 mil). Participantes carregaram faixas em favor de Haddad, Ciro e Marina. A organização permitiu que candidatas ao cargo de deputado federal e distrital pudessem fazer campanha, como Erika Kokay
(PT), Helen Frida (PT), Ana Prestes (PCdoB) e Thaynara (Rede). As organizadoras, no entanto, disseram que o movimento era “suprapartidário”.
Servidora aposentada, Minelvina Nascimento afirmou que o ato foi importante, apesar de dizer que não deve ter força para alterar o cenário eleitoral. “Esse ato vai ficar marcado como um movimento contra as posições dele em relação a mulheres, negros e homossexuais.”