O Estado de S. Paulo

Manifestaç­ões lotam ruas; Bolsonaro deixa hospital em SP

Protestos foram convocados a partir de movimento de mulheres nas redes sociais; também houve atos favoráveis ao presidenci­ável do PSL

- / MARIANNA HOLANDA, PEDRO VENCESLAU, VINICIUS NEDER, MARCIO DOLZAN, ANNE WARTH e FELIPE FRAZÃO

Ato contra o candidato do PSL Jair Bolsonaro tomou ontem o Largo da Batata em São Paulo (foto). Protestos, convocados por movimentos de mulheres nas redes, se repetiram em todas as capitais e no interior. Houve também atos pró-Bolsonaro em 13 capitais. Ele deixou o hospital e voou para o Rio. No avião, recebeu vaias e aplausos.

Manifestan­tes fizeram ontem protestos em todas as capitais e no Distrito Federal, além de cidades no exterior (como Lisboa, Paris e Washington), contra o candidato do PSL à Presidênci­a, Jair Bolsonaro. Os atos foram convocados a partir de movimento de mulheres nas redes sociais. Em São Paulo, a concentraç­ão tomou ruas no Largo da Batata, na zona oeste. No Rio de Janeiro, ocorreu na Cinelândia, enquanto em Brasília o local escolhido foi a Rodoviária no Plano Piloto, na região central. No mesmo período, mas em menor volume, também foram feitas manifestaç­ões em pelo menos 13 capitais a favor de Bolsonaro.

Nos protestos contra o presidenci­ável do PSL – que teve alta ontem do Hospital Albert Einstein (mais informaçõe­s na pág. A12) –, cartazes de #elenão, termo que simboliza o movimento na internet, se misturaram a bandeiras de partidos políticos e a faixas de movimentos sociais. Em São Paulo, das candidatas que estão na disputa presidenci­al, apenas a senadora Ana Amélia (PPRS), vice de Geraldo Alckmin (PSDB), não passou pelo ato. Ela estava em campanha em Porto Alegre, junto com o tucano.

Estavam presentes a presidenci­ável

Marina Silva (Rede), a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), vice de Ciro Gomes (PDT), a deputada estadual Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), vice de Fernando Haddad (PT), e a líder indígena Sonia Guajajara (PSOL), vice de Guilherme Boulos (PSOL). Para evitar críticas sobre o uso político do evento, elas optaram por não subir no carro de som, aberto apenas para mulheres.

Marina comentou a declaração de Bolsonaro de que ele não aceitaria o resultado da disputa caso não fosse o eleito “Parece um discurso de quem está amarelando diante da crítica da opinião

pública.” Para as organizado­ras, foram 150 mil pessoas; a Polícia Militar não fez estimativa.

No Rio, os manifestan­tes contra Bolsonaro saíram da praça da Cinelândia e seguiram para um ato, no início da noite, na Praça XV. Como em São Paulo, o público era variado. Havia bandeiras de legendas como PDT e PSTU, assim como material de campanha de Ciro e do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ).

“Alguém que olha para a maioria de nós e não consegue ver um ser humano completo não deveria nem ser candidato”, disse a estudante Theodora Frana, referindo-se

a declaraçõe­s do presidenci­ável considerad­as ofensivas a mulheres, negros e homossexua­is. Uma bandeira com a imagem da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinad­a em março, também foi usada.

Em Copacabana, apoiadores de Bolsonaro promoveram o ato “Mulheres com Bolsonaro”. A manifestaç­ão chegou a interrompe­r uma das pistas da Avenida Atlântica, em Copacabana. O público era formado tanto por mulheres quanto por homens e se espalhou por um trecho de cerca de 100 metros. “Aqui tem mãe solteira, tem mãe com dificuldad­e

para pagar suas contas, que se vira nos trinta”, declarou a ex-ativista do grupo feminista Femen Sara Winter. Candidata a deputado pelo DEM, ela fez foto segurando um “fuzil” de papelão.

Brasília. O protesto em Brasília reuniu cerca de 7 mil manifestan­tes, segundo estimativa da Polícia Militar (para as organizado­ras, foram 30 mil). Participan­tes carregaram faixas em favor de Haddad, Ciro e Marina. A organizaçã­o permitiu que candidatas ao cargo de deputado federal e distrital pudessem fazer campanha, como Erika Kokay

(PT), Helen Frida (PT), Ana Prestes (PCdoB) e Thaynara (Rede). As organizado­ras, no entanto, disseram que o movimento era “supraparti­dário”.

Servidora aposentada, Minelvina Nascimento afirmou que o ato foi importante, apesar de dizer que não deve ter força para alterar o cenário eleitoral. “Esse ato vai ficar marcado como um movimento contra as posições dele em relação a mulheres, negros e homossexua­is.”

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 ?? GABRIELA BILÓ / ESTADÃO ?? São Paulo. O Largo da Batata foi o palco escolhido para o protesto contra Jair Bolsonaro
GABRIELA BILÓ / ESTADÃO São Paulo. O Largo da Batata foi o palco escolhido para o protesto contra Jair Bolsonaro
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FABIO MOTTA/ESTADÃO Rio. Manifestan­tes se reúnem na Praça da Cinelândia

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