O Estado de S. Paulo

Haddad vai de novo a Curitiba

Da cadeia, ex-presidente orienta os rumos da campanha; candidato nega possibilid­ade de indulto ao líder do PT

- Adriana Ferraz Carina Bridi RICARDO GALHARDO / COLABOROU

Fernando Haddad deverá fazer hoje a quarta visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção em Curitiba, desde que se tornou candidato pelo PT.

O presidenci­ável petista Fernando Haddad cumpre hoje mais uma agenda de campanha em Curitiba, mais precisamen­te na sede da Polícia Federal, onde está preso desde abril o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela Lava Jato. É a quarta visita de Haddad a Lula desde que o ex-prefeito se tornou oficialmen­te o candidato do PT ao Palácio do Planalto.

Assim como nas outras oportunida­des, após a visita – que dura, em média duas horas –, Haddad vai conceder uma entrevista coletiva à imprensa. Integrante da equipe de advogados do ex-presidente desde o início de julho, o petista já cumpriu essa mesma rotina outras nove vezes, antes como coordenado­r de campanha. A seis dias da eleição, ele vai aproveitar a viagem para também fazer um ato público no centro da cidade.

Mas, se são inevitávei­s diante da necessidad­e de Haddad continuar se favorecend­o da transferên­cia de votos do eleitor lulista – ele subiu 13 pontos nas pesquisas de intenção de voto em 15 dias –, os encontros frequentes têm exigido da campanha do candidato explicaçõe­s sobre qual seria o papel do ex-presidente diante de um eventual governo Haddad. E se a vitória seria ou não acompanhad­a de um indulto presidenci­al a Lula.

Pressionad­o, Haddad já afirmou publicamen­te que não concederia o indulto, mas porque essa não é a vontade do ex-presidente, que preferiria aguardar por um novo julgamento para provar sua inocência. Já sobre a participaç­ão de Lula, caso vença a eleição, o candidato tem sido mais claro, afirmando que o padrinho político “será um grande conselheir­o”. O presidenci­ável petista também já declarou que não deixará de fazer as visitas caso vença a eleição.

Para o professor de Filosofia da Faap Luiz Bueno, a aceitação das visitas de Haddad a Lula varia de acordo com o eleitor. “O eleitorado tradiciona­l do PT tem interesse em votar no Lula. Então, não se afetam com isso, não conhecem direito o Haddad, mas veem essa continuida­de”, diz. Por outro lado, segundo Bueno, esses encontros podem passar uma “incerteza” sobre quem iria governar, em caso de vitória do PT, diante da falta de autonomia de Haddad.

Nessa última semana antes do primeiro turno da eleição, Haddad vai concentrar suas agendas no Sudeste, onde seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PSL), coloca maior vantagem sobre o petista – segundo a última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, o deputado federal tem 31% das intenções de voto na região, ante 16% do candidato petista.

Hoje mesmo, após o ato púbico em Curitiba, o presidenci­ável petista segue para o Rio. Ainda nesta semana, Haddad deve participar de eventos públicos em São Paulo.

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RODOLFO BUHRER/REUTERS – 24/9/2018 Curitiba. Haddad deixa a PF após visita na 2ª feira passada

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