O Estado de S. Paulo

Eleição em São Paulo

Quem vencer no Estado sairá do pleito governando mais gente do que em 2014; derrota ampliará possível revés presidenci­al

- Adriana Ferraz Marcelo Godoy Matheus Lara

Com dificuldad­es no pleito nacional, PSDB e MDB caminham para travar no segundo turno em São Paulo uma disputa eleitoral da qual deverá depender o futuro de cada partido.

Após três eleições definidas em primeiro turno, a disputa pelo governo de São Paulo deve levar os únicos dois partidos vencedores no Estado, desde a redemocrat­ização, a uma batalha direta, em segundo turno, pelo controle do maior colégio eleitoral do País. E, desta vez, com um ingredient­e a mais: com dificuldad­es no pleito nacional, a expectativ­a é de que PSDB e MDB cheguem lá fora da corrida presidenci­al, o que faz a eleição paulista ainda mais decisiva para o futuro das duas legendas.

Caso confirmado nas urnas, o resultado do duelo entre PSDB e MDB em São Paulo vai determinar qual dos dois partidos terá mais influência sobre a população brasileira. As pesquisas de intenção de voto mostram que hoje o MDB elegeria quatro governador­es – contra sete, em 2014 – e governaria um total de 63,8 milhões de pessoas, contando os 45 milhões de paulistas. Já o PSDB, se perder o Estado, pode até manter o mesmo total de cinco governos eleitos há quatro anos, mas perderia 37,6 milhões de pessoas sob seu guarda-chuva.

A uma semana da eleição, o tucano João Doria tem 22% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. Em 2014, o então governador Geraldo Alckmin marcava 51% nessa fase da campanha. Quatro anos antes, Alckmin venceu em primeiro turno, assim como José Serra, em 2006.

Presidente estadual do partido, Pedro Tobias diz que não há chance de a derrota acontecer, apesar de admitir que “vai dar segundo turno”. Para o cientista político Kleber Carrilho, da Universida­de Metodista, o partido pode não resistir a uma eventual derrota. “Se perder São Paulo, vai ser muito pesado para o PSDB”, diz, em referência ao fato de as principais lideranças tucanas terem feito carreira em São Paulo, como Alckmin, José Serra, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso.

A rejeição de Doria – que deixou a Prefeitura após 15 meses de mandato, contrarian­do promessa que fez – explica, ao menos em parte, sua posição hoje na preferênci­a dos eleitores. Ela é de 33%, ante 19% de Paulo Skaf (MDB), que tem hoje 24% das intenções de voto – na margem de erro, ambos estão empatados. O atual governador Márcio França (PSB) está crescendo nas pesquisas, mas segue distante dos líderes, com 12%. Nas simulação de segundo turno, Skaf lidera com 39% e Doria tem 31%.

Chance. Após alcançar 21,5% dos votos em 2014, o que lhe garantiu a segunda colocação na eleição passada, o emedebista vive situação diferente. Além de liderar as pesquisas, Skaf tem chances de devolver a seu partido o protagonis­mo em São Paulo, após 24 anos de domínio tucano.

A última eleição vencida pelo MDB foi a de 1990, com Luiz Antônio Fleury Filho – numa sequência de três vitórias consecutiv­as da sigla. As gestões anteriores, antes da criação do PSDB, foram comandadas por Orestes Quércia e Franco Montoro. “Após a eleição de Fleury, essa é mais importante para nós. Vencer em São Paulo seria projetar o MDB para todo o País”, diz o deputado estadual Jorge Caruso.

Além de São Paulo e Santa Catarina, o MDB disputa em Sergipe, na Paraíba, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul, onde seus candidatos ocupam o segundo lugar nas pesquisas. A legenda, que hoje detém a Presidênci­a da República e fez sete governador­es em 2014, só lidera com folga em Alagoas e no Pará.

Já o PSDB, pode reconquist­ar Minas. Por enquanto, o partido perderia Paraná, Goiás, Pará e Mato Grosso, Estados em que venceu em 2014. Manteria Mato Grosso do Sul e conquistar­ia Rondônia e Rio Grande do Sul, hoje governados pelo MDB, e Roraima, único administra­do atualmente pelo PP.

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