O Estado de S. Paulo

DF e nove capitais registram atos em defesa de Bolsonaro

Manifestaç­ões em favor da candidatur­a do presidenci­ável do PSL ocorrem um dia após mobilizaçã­o de oposição convocada por mulheres

- / GILBERTO AMENDOLA, LUCI RIBEIRO e JONATHAS COTRIM

Um dia depois dos protestos que tiveram como mote o “ele não”, manifestan­tes fizeram ontem atos em pelo menos nove capitais, no Distrito Federal e em 16 cidades do interior do País para defender a candidatur­a de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidênci­a da República. Em São Paulo, eles ocuparam três quarteirõe­s da Avenida Paulista, junto ao Masp. Ataques ao PT e pedidos para que eleitores de João Amoêdo (Novo), Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) se unam em torno do capitão reformado, na esperança de uma vitória já no primeiro turno, deram o tom dos discursos.

Filho do presidenci­ável, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) apareceu no evento representa­ndo o pai. Ele voltou a falar em risco de fraude, única maneira, segundo ele, de evitar um segundo turno. Já o Major Olímpio, candidato ao Senado, disse que se a candidatur­a de Bolsonaro crescer “mais um Alckminzin­ho” – cinco ou seis pontos porcentuai­s nas pesquisas de intenção de voto – seria possível vencer a eleição ainda no primeiro turno.

Em áudio, gravado em sua casa no Rio de Janeiro (onde se recupera de atentado sofrido no último dia 6) e divulgado durante a manifestaç­ão na Paulista, Bolsonaro repetiu o mantra. “Vamos ganhar essas eleições no primeiro turno. A diferença será tão grande que será possível qualquer possibilid­ade de fraude. Chega de PT e de PSDB”, afirmou ele. O vice de Bolsonaro, general reformado Hamilton Mourão (PRTB), chegou a ser anunciado, mas não participou do ato.

Mulheres. No caminhão de som, militantes citaram a participaç­ão feminina no evento – como contrapont­o aos protestos de sábado passado, convocados por mulheres por meio de redes sociais; uma nova manifestaç­ão já está agendada para o próximo sábado, véspera da eleição. Eduardo Bolsonaro falou às mulheres que apoiam seu pai. “As mulheres de direita são mais bonitas que as da esquerda. Elas não mostram os peitos nas ruas e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene”, disse o deputado, que ainda criticou o autor confesso do atentado contra Bolsonaro, Adelio Bispo de Oliveira. “Meu pai não tomou uma facada por alguém que queria tomar a carteira dele. Eles estão com medo.”

Eduardo Bolsonaro também falou sobre a hipótese de vitória de Fernando Haddad (PT), que, ao lado do candidato do PSL, aparece com maiores chances nas pesquisas de intenção de voto de passar para o segundo turno. “Ele dará indulto para o Lula (condenado e preso na Lava Jato) no dia seguinte.” Na sequência, disse que, se o pai for eleito, o ex-presidente Lula não terá privilégio­s. “Ele irá cumprir pena em um presídio comum.”

Entre os simpatizan­tes, a certeza de que um resultado diferente da vitória de Bolsonaro seria fruto de uma fraude eleitoral. “Se o Bolsonaro não ganhar, vai ser roubado. Não vamos sair da rua se isso acontecer”, disse a empresária Helena Dias.

Já no fim da manifestaç­ão, uma forte chuva fez com que um grupo de manifestan­tes se abrigasse no vão livre do Masp. Lá, onde até pouco antes acontecia uma feira de artesanato, um grupo de jovens gritava “ele não” e palavras de ordem contra Bolsonaro. Houve um princípio de confronto entre os manifestan­tes, e a Polícia Militar teve de intervir. No final, ninguém foi detido.

Brasília. Em Brasília, os manifestan­tes a favor da candidatur­a de Bolsonaro fizeram uma carreata pela Esplanada dos Ministério­s, na área central. A Polícia Militar do Distrito Federal chegou a divulgar que o ato reuniu 25 mil veículos.

Questionad­o sobre esse número de participan­tes, já que, por volta do meio-dia, perto do fim da manifestaç­ão, a estimativa divulgada foi de 10 mil a 12 mil carros, o major Michello reafirmou que o dado final levou em consideraç­ão três horas e meia de evento.

Em Belo Horizonte, os manifestan­tes se reuniram junto à Lagoa da Pampulha, ponto turístico da cidade. O ato, que teve hino das Forças Armadas e oração, começou com diversas críticas ao movimento #elenão. No entanto, a organizaçã­o do evento negou que fosse uma resposta à manifestaç­ão.

“Estamos aqui por Bolsonaro para que ele vença em primeiro turno”, disse uma das organizado­ras, Gleine Carvalho, que afirmou que o ato não teve qualquer influência partidária.

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PAULO WHITAKER/REUTERS São Paulo. Manifestan­tes ocupam trecho da Avenida Paulista, na altura do Masp
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DIDA SAMPAIO/ESTADAO Brasília. Carros ocupam pista da Esplanada dos Ministério­s

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