O Estado de S. Paulo

Estudo diz que Brexit já custou US$ 68 bilhões

Reino Unido perde US$ 650 milhões por semana com separação da União Europeia

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Muito antes do que se imaginava, a economia do Reino Unido já vem sofrendo os efeitos do provável divórcio da União Europeia. Um estudo divulgado ontem pelo Centro para a Reforma Europeia (CER) indicou que o PIB britânico já seria hoje 2,5% inferior ao seu potencial em função da instabilid­ade trazida pelo referendo que resultou no Brexit, aprovado em junho de 2016. A economia britânica já teria perdido US$ 68 bilhões, ou US$ 650 milhões por semana.

O estudo indica que as perdas em arrecadaçã­o já superam a economia gerada com o fim das transferên­cias feitas pelo Reino Unido para a União Europeia – o país é o segundo maior contribuin­te líquido, atrás da Alemanha. De acordo com os pesquisado­res, o PIB britânico é hoje 2,5% menor do que poderia ser se o país tivesse permanecid­o na UE.

Um dos pontos centrais da campanha do Brexit, em 2016, era que a economia do Reino Unido se beneficiar­ia da saída porque deixaria de enviar US$ 450 milhões por semana à UE. Nos últimos seis meses, porém, a economia teve seu pior desempenho desde 2011, no auge da crise financeira internacio­nal.

“Usamos um programa de computador para selecionar, dentre um grupo de 22 economias avançadas, os países cujas caracterís­ticas econômicas se aproximam do Reino Unido na corrida para o referendo Brexit”, explicou o economista John Springford, autor do estudo.

Novo referendo. De acordo com ele, “não há dividendo do Brexit”. “O déficit do Reino Unido seria eliminado no ano fiscal 2018 e 2019 se tivéssemos votado em favor pela permanênci­a na UE. A execução das finanças públicas, em agosto, indica que o déficit real será de cerca de 1,4% do PIB.”

O levantamen­to tende a ampliar a já enorme controvérs­ia em curso nos meios políticos britânicos nas últimas semanas. Desde que a União Europeia recusou o projeto de acordo proposto pela primeira-ministra britânica, Theresa May, em uma cúpula realizada em Salzburgo, na Áustria, no início do mês, o temor de que as negociaçõe­s com Bruxelas fracassem aumentou nos setores político, empresaria­l e financeiro.

Na semana passada, Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhist­a, o maior da oposição, indicou que a legenda mudou de posição, votará contra o acordo com a UE nos atuais termos e passará a lutar pela antecipaçã­o das eleições legislativ­as. Caso Theresa May e o Partido Conservado­r resistam no poder, os trabalhist­as passariam então a defender um novo referendo sobre o Brexit.

 ?? TOBY MELVILLE/REUTERS ?? Abertura. May no congresso do Partido Conservado­r
TOBY MELVILLE/REUTERS Abertura. May no congresso do Partido Conservado­r

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil