O Estado de S. Paulo

AULA PARA FAZER CONTAS. E IR PARA A COZINHA

Ao fim da atividade, estudantes comparam custo do brigadeiro que fizeram com o das lojas

- / J.M.

Éaula, mas termina na cozinha. Em um colégio da zona leste de São Paulo, estudantes do ensino médio misturam leite condensado e chocolate para fazer brigadeiro­s. Antes, pesquisam o preço dos ingredient­es e colocam cifras na ponta do lápis. “Para muitos, é a primeira vez em que pisam no mercado. Ficam impression­ados com o valor das coisas”, diz a professora de Matemática Patricia Baccaro, do colégio particular Mary Ward.

Ao fim da atividade, os alunos comparam o custo do brigadeiro que confeccion­aram com o que encontram nas lojas. “Percebemos que o melhor seria comprar os produtos e fazer o nosso brigadeiro em casa”, avalia o estudante Daniel Borsetti, de 16 anos.

A escola aproveita as aulas de Matemática para trabalhar conceitos de educação financeira com os jovens. Além de dominar os cálculos de juros simples e compostos, os alunos ficam de olho em reportagen­s e trazem questionam­entos sobre valor do dólar e Imposto de Renda. “Falamos bastante de cartão de crédito, sobre controle dos gastos”, diz Giovanna Cruz, de 16 anos, colega de Daniel. Ela conta que agora se esforça para poupar 60% do que recebe dos pais – e já tem planos para o dinheiro. “Penso em viajar depois da faculdade, ter uma vivência de mundo.”

No Colégio Stance Dual, na região central, atividades de economia colaborati­va são desenvolvi­das desde o início do ano por um professor de Geografia. Os estudantes de séries diferentes – entre 10 a 14 anos – se reúnem uma vez por semana, à tarde. O professor Thiago Pereira se surpreende­u com o interesse. “No mesmo momento, estou ‘competindo’ com aulas de futebol e vôlei. Hoje, temos alunos que preferem ir para a aula de Economia.”

Como no Mary Ward, eles também vão para a prática e já usaram a linguagem de programaçã­o para criar uma espécie de quiz sobre os diferentes perfis de consumidor. Querem agora aprimorar ferramenta­s tecnológic­as para incentivar a economia colaborati­va, como a troca de produtos usados entre colegas.

Nas aulas, já fizeram simulação de gastos para a Copa do Catar e pesquisara­m o custo de vida de outras cidades. “Querem construir um manual. Um livreto, na linguagem deles, voltado para economia”, comenta Pereira.

Utilidade. Já na Escola Lourenço Castanho, na zona sul, o tema aparece quando se aprende Matemática. Conceitos de porcentage­m, logaritmo e funções são um convite para trabalhar finanças e, segundo a professora Maria Daltyra de Magalhães, ficam mais fáceis quando aplicados em problemas com dinheiro. “O tempo todo a pergunta do aluno é: ‘O que vou fazer com isso?’ Quando ele vê utilidade para o conceito, se interessa em aprender também teoricamen­te o conteúdo.”

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FELIPE RAU/ESTADÃO Com a mão na massa. Daniel e Giovanna tiveram de ir ao mercado e pesquisar preços

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