Rabobank espera crescer 14% no Brasil em 2018
Ofato de mais bancos terem reforçado o atendimento especializado a grandes produtores rurais não assusta o Rabobank, que tem no segmento a principal clientela. O grupo holandês espera fechar o ano com uma carteira de crédito para agricultores do Brasil próxima de US$ 4 bilhões, 14% acima de 2017. Fabiana Alves, diretora de Rural Banking da instituição, diz que os bons resultados da safra, preços e dólar em alta estimulam investimentos. “Concorrência é sempre bom, mas temos uma posição consagrada no agro”, diz. Nos últimos dois anos, o Itaú e o japonês MUFG deram mais atenção ao setor, especialmente entre os clientes do grupo holandês. Sobre esse movimento, Fabiana alfineta: “Se no futuro a economia do País mudar de rumo e outro segmento receber incentivos para se tornar pujante, bancos com focos múltiplos vão buscar atendê-lo, mas nossos clientes sabem que, banco do agro, somos nós.” » Não custa. Para acompanhar os mais de 1,2 mil clientes no País, o Rabobank ampliou em 10% a equipe de gerentes em áreas estratégicas, como o Centro-Oeste e o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), além do Triângulo Mineiro e de São Paulo.
» Tirando o atraso. Ademanda principal de crédito este ano foi para custeio e armazéns. “Clientes com planos de investir em silos criaram coragem”, diz Fabiana. E cresceu o financiamento para compra de terras. Em 2019, o cenário segue positivo, apesar da incerteza política e do frete mais caro. “Produção volumosa é sempre motivo de empolgação para os produtores. Não vejo tendência de redução de investimentos, pelo contrário.”
» Cliente fiel. As exportações brasileiras de arroz devem alcançar este ano o recorde de 2015, de 961 mil toneladas. O impulso virá da Venezuela. Até agosto, 871 mil toneladas foram enviadas ao exterior, sendo 340 mil toneladas do cereal em casca para o país, segundo Gustavo Ludwig, gerente do projeto Brazilian Rice, desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e ApexBrasil. “Há grande potencial de expansão para países vizinhos”, afirma.
» Fé no cereal. Uma das apostas é o Peru, que nos últimos cinco anos aumentou suas importações de arroz do Brasil, para 77,4 mil toneladas em 2017. De olho nesse potencial, a paulista Broto Legal busca maior competitividade. No início de 2019 inaugura fábrica em Uruguaiana (RS), próxima das regiões produtoras. Hoje, de seu faturamento de R$ 500 milhões (dado de 2017), 5% vêm das exportações. A expectativa é de que passe a 10% em até cinco anos, conforme o CEO, Lázaro Moreto.
» Expansão. A Abiarroz também trabalha para abrir o mercado do México, com potencial de 200 mil toneladas. “Eles consomem o mesmo tipo de arroz que nós e importa muito dos Estados Unidos”, diz Ludwig. Outra iniciativa visa à abertura do mercado chinês – maior importador do grão.
» Não deu. A Gavilon do Brasil, principal exportadora de trigo desta temporada, não conseguiu aproveitar o dólar acima de R$ 4 no período em que negociou o cereal. A maior parte dos contratos foi fechada com o câmbio a R$ 3,70. “Não foi falta de interesse da empresa nem dos produtores, mas na última quinzena de agosto, quando o dólar bateu R$ 4,12, houve geada no Sul e os agricultores deixaram de vender por medo de não conseguirem entregar”, diz Pedro Sampaio, trader de trigo da companhia.
» Limite. Representantes do setor estimam que 500 mil toneladas de trigo serão exportadas em 2018. Deste total, 300 mil toneladas foram negociadas pela Gavilon. A partir de agora, os contratos que serão fechados devem atender apenas ao mercado interno.
» Alento. Com o consumo interno patinando, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) aposta nas exportações de panetone para ganhar fôlego. Claudio Zanão, presidente da entidade, conta que a expectativa é fechar 2018 com crescimento de 7,5% nas vendas externas e faturar US$ 15 milhões com o embarque de 5 mil toneladas.
» Escalonado. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) fará reunião extraordinária em outubro para decidir sobre o aumento da mistura do biodiesel ao diesel de petróleo, hoje em 10%, a chamada B10. A proposta em votação é pelo aumento escalonado da mistura em 1 ponto porcentual ao ano, até que o B15 seja atingido em 2023. Com isso, produtores e distribuidoras teriam maior previsibilidade sobre a demanda do biodiesel e a variação na mistura seria encaixada nas metas previstas no RenovaBio, a nova política nacional de biocombustíveis.
» Movida a etanol. O reaquecimento do mercado de etanol brasileiro, com a crise do açúcar e a disparada dos preços da gasolina, levou a FDR Combustíveis a multiplicar por quatro as projeções de comercialização do biocombustível em 2018. A companhia opera no mercado futuro da B3 e espera sair dos 50 milhões de litros previstos inicialmente para 200 milhões litros de etanol negociados este ano. Segundo a empresa, 125 milhões de litros foram fechados até agora, com faturamento de R$ 250 milhões.