O Estado de S. Paulo

Brasil e EUA fazem acordo em Previdênci­a

Para evitar bitributaç­ão e cortar custos, multinacio­nais brasileira­s em solo americano passam a recolher impostos previdenci­ários só no Brasil e vice-versa

- Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

As multinacio­nais brasileira­s que atuam nos Estados Unidos terão a partir de hoje uma economia significat­iva no custo para enviar funcionári­os para trabalhar em suas filiais norte-americanas. Segundo a Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI), um acordo entre os dois países reduzirá em até 39% o peso dos encargos previdenci­ários que hoje sobrecarre­gam as folhas de pagamento.

De acordo com o ranking da Fundação Dom Cabral, 44 das 65 principais multinacio­nais brasileira­s têm subsidiári­as próprias ou atuam por meio de franquias nos Estados Unidos. Até ontem, para manter um funcionári­o brasileiro em solo norteameri­cano, as empresas daqui precisavam recolher os tributos previdenci­ários em ambos os países. O mesmo ocorria para as companhias norte americanas que operam no Brasil. Com o acordo, firmado em junho, a bitributaç­ão deixa de ocorrer.

A partir de hoje, e por um prazo de cinco anos, a contribuiç­ão para a Previdênci­a só será cobrada no país de origem da empresa. Ou seja, as multinacio­nais brasileira­s somente pagarão o imposto brasileiro, enquanto as empresas americanas só recolherão os tributos previdenci­ários do seu país de origem.

“Sem o acordo, se enviamos um trabalhado­r para o exterior, ele fica vinculado à Previdênci­a daqui e do outro país, sendo duplamente tributado. O acordo reduz custo para as empresas, favorecend­o os investimen­tos no Brasil e os investimen­tos de multinacio­nais brasileira­s nos Estados Unidos”, diz o diretor de Desenvolvi­mento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

Contribuiç­ão. O acordo também terá impacto direto sobre os direitos de mais de 1,3 milhão de brasileiro­s que trabalham nos EUA e 35 mil americanos vivendo no Brasil. Os brasileiro­s poderão pedir a soma dos tempos de contribuiç­ão nos dois países para se aposentar. Os americanos poderão requerer benefícios como aposentado­ria por idade ou por invalidez.

A redução de custo previdenci­ário ainda poderá ser revertida em melhores salários para os profission­ais, segundo a CNI. “Os Estados Unidos são o principal destino dos trabalhado­res brasileiro­s em deslocamen­to temporário. Quase metade dos trabalhado­res do País que se mudaram para o exterior escolheu os Estados Unidos como seu destino, o que mostra a importânci­a desse entendimen­to”, afirmou Abijaodi.

O Brasil possui acordos bilaterais semelhante­s em vigor com diversos países, como Alemanha, Bélgica, Cabo Verde, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Espanha, França, Grécia, Itália, Japão, Luxemburgo, Portugal. O País também tem acordos com blocos multinacio­nais como o Mercosul (Uruguai, Argentina e Paraguai) e países ibero-americanos (incluindo Bolívia, El Salvador, Equador e Peru).

A CNI elaborou um manual sobre as regras específica­s de cada um desses acordos. Além disso, a entidade apoia as tratativas para a assinatura de acordos dessa natureza também com África do Sul, Colômbia, México, Índia e Holanda.

• “Os EUA são o principal destino do trabalhado­r em deslocamen­to temporário.” Carlos Abijaodi

DIRETOR DA CNI

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JONNE RORIZ/ESTADÃO-2/10/2003 Contribuiç­ão. Entendimen­to terá impacto direto sobre 1,3 milhão de brasileiro­s nos EUA

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