FSB se une à Loures e prevê mais aquisições
Líder em relações públicas no Brasil entra na onda de consolidação do setor, que já inclui pesos-pesados globais
A FSB, agência líder no mercado brasileiro de relações públicas, fechou acordo para se associar à Loures Consultoria, de Alexandre Loures. Trata-se do primeiro negócio do gênero nos 38 anos de história da companhia. O contrato não envolverá troca de recursos – Loures passará a fazer parte do quadro de sócios da FSB, que controlará ambas as agências. O projeto faz parte de uma estratégia da líder de formar um grupo de agências sob seu comando.
Como o objetivo é formar um “pool” de marcas sob o “guarda-chuva” da FSB, a Loures vai continuar a operar de forma independente. A FSB adianta ter apetite para mais associações e aquisições.
Com faturamento de R$ 240 milhões, a FSB vai passar a uma receita total de R$ 261 milhões ao se associar à Loures. Juntos, os dois negócios terão cerca de 800 profissionais. A Loures foi fundada há três anos e hoje é responsável pelo atendimento de companhias como Cosan, Votorantim, Ambev, Burger King e Lactalis.
“Acho que batemos no teto do crescimento orgânico”, diz Marcos Trindade, sócio da FSB, sobre a lógica por trás da associação. “Estamos olhando mais oportunidades de aquisição, incluindo no mercado de digital. Temos caixa e liquidez para isso.”
Outra estratégia da FSB nesse sentido é reduzir a dependência de contas de órgãos do setor público. Segundo uma fonte próxima à operação, a empresa tem larga vantagem nos mercados de Brasília (em que a disputa se dá pelas contas de governo) e do Rio de Janeiro (onde estatais também têm um peso considerável), mas não está tão à frente das concorrentes em São Paulo. A aquisição da Loures, focada no mercado paulista, vem para ajudar a equilibrar essas diferenças.
O acordo com a Loures também foi facilitado pela recente chegada de um novo sócio à FSB – Diego Ruiz, executivo que já teve passagens pelos grupos EBX (de Eike Batista) e J&F (dona da JBS e controlada pela família Batista).
Segundo Trindade, Ruiz ajudou a organizar a companhia para o crescimento também por meio de aquisições. Tanto foi assim, diz o executivo, que a elaboração da proposta foi relativamente rápida – após a definição dos números, o “casamento” entre as partes foi selado em uma única reunião.
Alexandre Loures disse que, em vez de “realizar o lucro” da operação que começou a construir há três anos, a opção de se tornar sócio da FSB – sem receber valores neste momento – representa uma aposta no potencial de crescimento do negócio no longo prazo.
O executivo, que antes de abrir a Loures foi chefe de comunicação da gigante das bebidas Ambev, diz que o mercado aceitou bem a proposta da agência, que prega o conhecimento dos setores nos quais seus clientes atuam. “Com a FSB, estamos bem posicionados para sermos protagonistas no mercado.”
Consolidação. Até agora, a FSB havia ficado de fora do movimento de consolidação deste mercado, que envolveu grandes grupos internacionais de comunicação e também parcerias “made in Brazil”.
O Grupo Ideal – que reúne
três agências, Ideal H+K Strategies, Ogilvy PR e Young PR – hoje tem a gigante britânica WPP como sócia (o grupo também tem participação da Máquina Cohn & Wolfe). Já a CDN, após ser comprada pelo Grupo ABC, de Nizan Guanaes, acabou nas mãos da americana Omnicom, que adquiriu todo o portfólio do conglomerado – que era principalmente focado em publicidade – há quase três anos.
De acordo com o Anuário da Comunicação Corporativa 2018, os grupos WPP e Omnicom estão atualmente entre os maiores grupos globais de comunicação, com faturamentos de US$ 1,6 bilhão e US$ 1,4 bilhão no ano passado, respectivamente.