O Estado de S. Paulo

Doria e gestão tucana são alvo em debate

Ex-prefeito, que foi cobrado por saída da Prefeitura para disputar eleição, reforça discurso anti-PT ; adversário­s associam Skaf a Michel Temer

- Fabio Leite

No último debate entre os candidatos ao governo de São Paulo antes do 1.º turno, promovido ontem à noite pela TV Globo, o tucano João Doria e os 24 anos de governos do PSDB no Estado foram os principais alvos de ataques dos adversário­s, enquanto o ex-prefeito enfatizou o discurso anti-PT e sua proposta de endurecime­nto da ação da polícia.

Dos seis rivais, Doria só foi poupado por Rodrigo Tavares (PRTB), com quem fez “tabelinhas” durante todo o debate. O governador Márcio França (PSB), Luiz Marinho (PT), Marcelo Candido (PDT) e Professora Lisete (PSOL) trocaram acusações com o tucano, enquanto Paulo Skaf (MDB) fez críticas indiretas com relação à saída precoce de Doria da Prefeitura. Com exceção de Skaf, Doria associou todos os adversário­s ao PT.

“Você foi prefeito de São Paulo e a única coisa que conseguiu fazer em um ano, três meses e sete dias foi ser condenado por improbidad­e administra­tiva”, disse Marinho, citando condenação do tucano no caso envolvendo o programa Cidade Linda. “Você deve ter amnésia. Quem está preso é o presidente de honra do seu partido, preso e condenado. Só da Petrobrás vocês assaltaram mais de R$ 150 bilhões”, rebateu Doria.

Após ser criticado por Candido, o tucano disse que o pedetista tem uma condenação à prisão e que teve todas as contas reprovadas quando foi prefeito de Suzano, na Grande São Paulo. Candido retrucou afirmando que Doria havia desviado “6 milhões e meio de cruzados” quando presidiu a Embratur no governo José Sarney (1985-1990). O ex-prefeito chamou a acusação é “mentirosa e insidiosa” e disse que Candido foi do PT por 30 anos. “Aliás, uma boa aula de crime é frequentar o PT. Ele está com mandado de prisão, em tese ele nem poderia estar disputando a eleição”, afirmou o tucano. Candido teve pedido de direito de resposta negado pela emissora.

O debate teve confronto direto entre os candidatos em quatro dos cinco blocos. No quarto bloco, foi a vez de França e Doria baterem boca, quando o governador criticou entrevista na qual o tucano teria dito “que a polícia tem de atirar para matar”. França afirmou que o exprefeito dizia isso como marketing e contestou a propaganda tucana que mostra França antes de uma cirurgia bariátrica para dizer que ele tenta mostrar agora que é outra pessoa.

“Tudo na sua campanha parece marketing. Não parece sincero”, disse França. O tucano rebateu fora do seu tempo e o governador emendou: “Não precisa bater boca comigo. Não fica nervoso. Não meça as pessoas por você”, disse o governador. “Não acusei você nem de gordo nem de magro. Só disse que você foi líder do governo Lula, que é um esquerdist­a disfarçado, que foi contra o impeachmen­t da Dilma”, respondeu Doria.

Ao longo do debate, todos os rivais do tucano exploraram problemas nos 24 anos de PSDB no Estado. Skaf criticou o desperdíci­o de água e a falta de coleta de esgoto pela Sabesp. Candido falou de suspeitas de corrupção no Rodoanel.

Skaf também foi alvo de ataques. Lisete ligou o emedebista ao presidente Michel Temer. “O eleitor vai olhar a pessoa, e não o partido”, disse Skaf, que, em sua campanha, tem evitado mostrar Temer.

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ALEX SILVA /ESTADÃO Estúdio. Os candidatos ao governo de São Paulo pouco antes do início do debate promovido ontem à noite pela TV Globo

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