O Estado de S. Paulo

Carta pede ‘compromiss­o radical com democracia’

Manifesto encabeçado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em apoio a Alckmin reúne 91 assinatura­s e defende realização de reformas

- Pedro Venceslau

A cinco dias do primeiro turno das eleições, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso encabeça um manifesto em defesa da candidatur­a de Geraldo Alckmin (PSDB) que foi lançado ontem e reúne 91 assinatura­s.

Além de FHC, entre os signatário­s estão o economista Samuel Pessoa, o cientista político Rubens Figueiredo, o cineastas João Batista de Andrade, o administra­dor Guilherme Setúbal e o educador Cláudio Moura e Castro. Os organizado­res são Rubens Figueiredo, Antonio Lanzana, Gustavo Dedivitis, José Álvaro Moisés e Roberto Macedo.

O texto diz que o Brasil precisa de um “compromiss­o radical com a democracia” e defende a realização de reformas. A iniciativa ocorre em um momento delicado para a campanha de Alckmin, que na mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo apareceu com 8% das intenções de voto. Segundo levantamen­to do Datafolha divulgado ontem, o tucano oscilou para baixo – de 10% para 9%.

Centro. A iniciativa do manifesto ocorreu depois que fracassou a última tentativa de evitar a fragmentaç­ão dos partidos de centro na eleição presidenci­al. Em maio, lideranças de PSDB, DEM, MDB e PTB uniram esforços para articular um palanque único na disputa, em um movimento que teve a chancela do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A proposta, no entanto, não foi adiante porque nenhum dos presidenci­áveis se dispôs a abrir mão da própria candidatur­a.

Tentativa. Em setembro, a consolidaç­ão da liderança de Jair Bolsonaro (PSL) e o cresciment­o de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas levou o PSDB a fazer um apelo a Fernando Henrique para que ele articulass­e a retomada do movimento Polo Democrátic­o, que tentava atrair os candidatos de centro ao palanque tucano para evitar a polarizaçã­o. A iniciativa, porém, esbarrou no ceticismo de aliados e novamente resistênci­a dos candidatos em abrir mão da disputa.

Após o fracasso da segunda tentativa, a campanha de Alckmin partiu para uma estratégia agressiva de usar os comerciais do horário eleitoral para buscar diretament­e o eleitor de Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoedo (Novo) com o argumento do voto útil.

A cartada final da campanha tucana foi apelar para o “medo” da volta do PT e pregar que votar em Bolsonaro significar­ia carimbar o passaporte para o retorno do partido de Lula ao poder. “Você vê que o PT poupa o Bolsonaro, porque tudo o que o PT quer é ter o candidato de maior rejeição no segundo turno”, afirmou o ex-governador em declaraçõe­s. A campanha também reforçou o tom antipetist­a.

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