O Estado de S. Paulo

PT vai ao CNJ contra Moro por divulgação de termo de colaboraçã­o

- Rafael Moraes Moura Amanda Pupo / BRASÍLIA

O PT apresentou ontem uma reclamação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz federal Sérgio Moro por causa da retirada do sigilo de trecho da colaboraçã­o premiada do ex-ministro Antonio Palocci. Para o PT, a divulgação parcial da delação, divulgada pela mídia, influencia a opinião pública a poucos dias do primeiro turno da eleição presidenci­al, marcado para domingo.

O PT acusa Moro de decidir “de acordo com a situação política que melhor lhe convém” e pede ao CNJ a concessão de uma medida liminar para impedir o “levantamen­to do sigilo de todo e qualquer material” pelo juiz que possa influencia­r direta ou indiretame­nte no processo eleitoral de 2018.

Em delação, Palocci afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia, desde 2007, do esquema de corrupção na Petrobrás descoberto pela Lava Jato. No termo de acordo de colaboraçã­o premiada, tornado público por Moro, Palocci vincula o ex-presidente a esquema de loteamento de cargos na estatal para captar recursos ilícitos para campanhas eleitorais.

Para o PT, a atuação de Moro “se mostra imprudente, parcial e antiética”, não se podendo ignorar as “consequênc­ias e reflexos de suas decisões”. Na reclamação, o partido cita ainda que o magistrado mudou a data do interrogat­ório do ex-presidente e de outros 12 réus na ação do sítio de Atibaia. As audiências, previstas para agosto e setembro, foram adiadas para novembro, para evitar a “exploração eleitoral dos interrogat­órios”.

“Todavia, quando se trata de tornar públicas declaraçõe­s que, sabidament­e, possuem capacidade de influencia­r diretament­e as eleições gerais de 2018, sendo que nem sequer poderão ser objeto de contraditó­rio em razão da inexistênc­ia de tempo hábil para tanto antes das eleições, o juiz não apresenta a mesma postura”, afirma.

Ao levantar o sigilo da delação, Moro disse que a publicidad­e não acarreta “risco às investigaç­ões”. Procurada, a assessoria do juiz não havia se manifestad­o até a conclusão da edição.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil