Arrancada verde
Na crônica de domingo, escrevi que o Palmeiras despontava, na reta decisiva do Brasileiro, como forte candidato ao título. A subida da equipe, sob o comando de Luiz Felipe Scolari, indicava possibilidade de ultrapassagem para a liderança, desde que ocorresse uma nada improvável combinação de resultados. Não deu outra: ganhou do Cruzeiro (3 a 1), enquanto o São Paulo empatou com o Botafogo (2 a 2). Na soma, 53 a 52 pontos. (O Inter também tem 53, faz campanha forte e está firme no páreo.)
A tabela atual reflete a trajetória inversa que os dois principais paulistas na Série A de 2018 têm seguido à medida que se afunila o torneio. Os palmeirenses ganharam 20 de 24 pontos disputados no returno, com seis vitórias e dois empates – ou quase 84% de aproveitamento, para quem se amarra em estatísticas. Já os tricolores obtiveram 11 pontos em 24, produtos de cinco empates, duas vitórias, uma derrota. Ou menos de 50%.
Mais do que resultados, o desempenho chama a atenção. O Palmeiras recorre com muita eficiência à variedade do elenco; Felipão tem a formação B afinada e, quando necessário, coloca em campo alguns titulares. Assim, não desgasta apenas determinado grupo de atletas, já que tem a Libertadores como um dos objetivos no ano.
Diego Aguirre tem menos opções do que o colega, faz malabarismos para arrancar o máximo de produtividade e parece atingir o limite. A série de empates recentes reflete certo esgotamento no repertório tricolor. Para complicar, baixas de peças fundamentais se tornam mais frequentes. Quadro preocupante, mas não significa que, por isso, se deva jogar a toalha. Há, por exemplo, o confronto direto no sábado.
E eis um marco para ambos nas pretensões de levantar a taça. Assim como eles, também Inter, Flamengo e Grêmio, que completam o quinteto de postulantes, terão paradas duras. Mas, para fechar o foco no líder de momento, vale uma conferida melhor no que a tabela reserva para os palmeirenses, no quesito “jogos de seis pontos”.
O primeiro é o do Morumbi. Se obtiver sucesso, abre vantagem de quatro pontos sobre os são-paulinos e, mais do que isso, vai impor duro golpe psicológico. Pois, dali para a frente, a rapaziada de Aguirre não dependerá apenas do próprio suor para chegar ao topo.
Se serve para animar, há um tabu: o Palmeiras não ganha no campo rival desde 2002, no famoso clássico em que Alex aplicou um monte de chapéus, até em Rogério Ceni, antes de mandar a bola para as redes. Empate não chega a ser desastroso para ninguém, pois os outros da parte de cima “roubarão” pontos mutuamente.
Felipão e sua trupe terão, na rodada seguinte – dia 14 –, a tarefa de receber o Grêmio, 50 pontos por ora e com futebol em ascensão. Vitória é imprescindível nas contas verdes. Assim como três pontos diante do Ceará, outro visitante incômodo, que luta para não cair. Partidas para o Pacaembu...
A fila de obstáculos árduos fecha com viagem ao Rio para enfrentar o Flamengo, provavelmente entre um jogo e outro da semifinal da Libertadores. Se somar 9 ou 10 pontos nessa bateria, palmeirenses ampliarão o favoritismo, porque terão superado quem está na mesma trilha. Em seguida, bastará dosar forças.
Escrever é infinitamente mais fácil do que executar na prática. Há de se considerar que este é o Brasileirão mais equilibrado desde a adoção dos pontos corridos, com cinco times com chances – e o Galo a correr por fora. No entanto, o Palmeiras é quem mostra mais fôlego e regularidade. Não pode perder-se por presunção, muito menos por ansiedade.
Por falar em presunção: escrevi acima que mais à frente o Palmeiras jogará pelas semifinais da Libertadores. Antes terá de liquidar o Colo-Colo, nesta noite. Não custa lembrar.
Nas próximas quatro rodadas, o Palmeiras tem três desafios decisivos no caminho do título