O Estado de S. Paulo

Arrancada verde

- ANTERO GRECO E-MAIL: ANTERO.GRECO@ESTADAO.COM TWITTER: @ANTEROGREC­O

Na crônica de domingo, escrevi que o Palmeiras despontava, na reta decisiva do Brasileiro, como forte candidato ao título. A subida da equipe, sob o comando de Luiz Felipe Scolari, indicava possibilid­ade de ultrapassa­gem para a liderança, desde que ocorresse uma nada improvável combinação de resultados. Não deu outra: ganhou do Cruzeiro (3 a 1), enquanto o São Paulo empatou com o Botafogo (2 a 2). Na soma, 53 a 52 pontos. (O Inter também tem 53, faz campanha forte e está firme no páreo.)

A tabela atual reflete a trajetória inversa que os dois principais paulistas na Série A de 2018 têm seguido à medida que se afunila o torneio. Os palmeirens­es ganharam 20 de 24 pontos disputados no returno, com seis vitórias e dois empates – ou quase 84% de aproveitam­ento, para quem se amarra em estatístic­as. Já os tricolores obtiveram 11 pontos em 24, produtos de cinco empates, duas vitórias, uma derrota. Ou menos de 50%.

Mais do que resultados, o desempenho chama a atenção. O Palmeiras recorre com muita eficiência à variedade do elenco; Felipão tem a formação B afinada e, quando necessário, coloca em campo alguns titulares. Assim, não desgasta apenas determinad­o grupo de atletas, já que tem a Libertador­es como um dos objetivos no ano.

Diego Aguirre tem menos opções do que o colega, faz malabarism­os para arrancar o máximo de produtivid­ade e parece atingir o limite. A série de empates recentes reflete certo esgotament­o no repertório tricolor. Para complicar, baixas de peças fundamenta­is se tornam mais frequentes. Quadro preocupant­e, mas não significa que, por isso, se deva jogar a toalha. Há, por exemplo, o confronto direto no sábado.

E eis um marco para ambos nas pretensões de levantar a taça. Assim como eles, também Inter, Flamengo e Grêmio, que completam o quinteto de postulante­s, terão paradas duras. Mas, para fechar o foco no líder de momento, vale uma conferida melhor no que a tabela reserva para os palmeirens­es, no quesito “jogos de seis pontos”.

O primeiro é o do Morumbi. Se obtiver sucesso, abre vantagem de quatro pontos sobre os são-paulinos e, mais do que isso, vai impor duro golpe psicológic­o. Pois, dali para a frente, a rapaziada de Aguirre não dependerá apenas do próprio suor para chegar ao topo.

Se serve para animar, há um tabu: o Palmeiras não ganha no campo rival desde 2002, no famoso clássico em que Alex aplicou um monte de chapéus, até em Rogério Ceni, antes de mandar a bola para as redes. Empate não chega a ser desastroso para ninguém, pois os outros da parte de cima “roubarão” pontos mutuamente.

Felipão e sua trupe terão, na rodada seguinte – dia 14 –, a tarefa de receber o Grêmio, 50 pontos por ora e com futebol em ascensão. Vitória é imprescind­ível nas contas verdes. Assim como três pontos diante do Ceará, outro visitante incômodo, que luta para não cair. Partidas para o Pacaembu...

A fila de obstáculos árduos fecha com viagem ao Rio para enfrentar o Flamengo, provavelme­nte entre um jogo e outro da semifinal da Libertador­es. Se somar 9 ou 10 pontos nessa bateria, palmeirens­es ampliarão o favoritism­o, porque terão superado quem está na mesma trilha. Em seguida, bastará dosar forças.

Escrever é infinitame­nte mais fácil do que executar na prática. Há de se considerar que este é o Brasileirã­o mais equilibrad­o desde a adoção dos pontos corridos, com cinco times com chances – e o Galo a correr por fora. No entanto, o Palmeiras é quem mostra mais fôlego e regularida­de. Não pode perder-se por presunção, muito menos por ansiedade.

Por falar em presunção: escrevi acima que mais à frente o Palmeiras jogará pelas semifinais da Libertador­es. Antes terá de liquidar o Colo-Colo, nesta noite. Não custa lembrar.

Nas próximas quatro rodadas, o Palmeiras tem três desafios decisivos no caminho do título

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil