O Estado de S. Paulo

O 2º turno já chegou

- E-MAIL: FABIO.ALVES@ESTADAO.COM TWITTER: @COLUNAFABI­OALVE FÁBIO ALVES ESCREVE ÀS QUARTAS-FEIRAS COLUNISTA DO BROADCAST

Após as mais recentes pesquisas de intenção de voto, o mercado financeiro já está com as atenções voltadas para um eventual segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), passando a partir de agora a monitorar informaçõe­s sobre os dois grandes pontos de interrogaç­ão que ainda pairam sobre essas duas candidatur­as na cabeça de investidor­es e analistas.

Na visão do mercado financeiro, um desfecho da eleição presidenci­al considerad­o favorável – ou “market-friendly” no jargão em inglês – ao desempenho dos ativos brasileiro­s, em particular a Bolsa de Valores e a cotação do dólar ante o real, seria a vitória de Bolsonaro. Ou seja, se o candidato do PSL for eleito, a Bolsa sobe e o dólar cai ante o real.

Já a vitória de Haddad na eleição presidenci­al teria o efeito contrário: a bolsa cairia e o dólar poderia disparar, na visão de analistas e investidor­es que consideram hoje o retorno do PT ao Palácio do Planalto como um desfecho desfavoráv­el ao mercado.

Mas tanto em relação ao candidato considerad­o como “market-friendly” quanto aquele percebido como desfavoráv­el ao mercado, há dúvidas profundas que ainda deixam os investidor­es nervosos quanto aos rumos da economia em 2019, primeiro ano de mandato do novo presidente da República.

“Incertezas prevalecem sobre a aptidão e disposição dos dois candidatos presidenci­ais líderes (nas pesquisas de intenção de voto) para garantir o apoio necessário no Congresso afim de adotar um pacote impopular e, ainda assim, crítico de reformas, visando reequilibr­ar adinâmica da dívida do setor público e impulsiona­r o PIB potencial ”, dizemos estrategis­tas de ações do Credit Suisse, em relatório a clientes, intitulado “Comprando de volta o Brasil: já chegamos lá?”.

Uma maior convicção dos investidor­es em relação às credenciai­s para as reformas, como ada Pr evidência, do vencedor da eleição p residencia lé um necessário­s listados pelos estrategis­tas do banco suíço para uma melhora na recomendaç­ão de investimen­to na Bolsa brasileira.

E quais são os dois pontos de interrogaç­ão que ainda pairam sobre Bolsonaro e Haddad?

Nocas ode Bol sonar o, agrande dúvidaé sobre a sua governabil­idade, pois, vindo de um partido nanico, os investidor­es questionam a sua capacidade de conseguir aprovaras reformas necessária­s e as propostas feitas por Paulo Guedes, o coordenado­r do seu programa econômico, sem uma base ampla e fiel de apoio no Congresso.

Assim, notícias sobre uma eventual aliança com partidos do chamado Centrão ao longo do segundo turno podem turbinar o otimismo dos investidor­es, os quais também vão monitorar qualquer especulaçã­o sob requem seria o responsáve­l pela coordenaçã­o política num eventual governo Bolsonaro.

Já no caso de Haddad, que tem feito declaraçõe­s considerad­as mais moderadas de política econômica do que consta no programa de governo publicado pelo PT, os investidor­es questionam o quanto ele realmente caminhará mais para o centro e abandonará apostura mais radical do seu partido.

Chegou-se a especular na última semana que Haddad poderia convidar Henrique Meirelles, o atual candidato do MDB à eleição presidenci­al, para ser seu ministro da Fazenda eque manteria Ilan Goldfajn no Banco Central.

Para os analistas da corretora japonesa Nomura, a campanha de Haddad está tentando sinalizar um grau mais elevado de pragmatism­o e de centrismo em um momento em que o apoio dos eleitores de Lula parece já ter se consolidad­o.

“Masa avaliação de‘ mark et-f ri en dl in ess ’( amistoso ou favorável ao e H add ad começa num ponto muito baixo”, res saltaram os analistas da No mura em relatório a clientes .“As mudanças econômicas necessária­s ao País sob o novo governo incluirão uma reforma fiscal muito difícil-adis posição e a capacidade política do PT de fazê-la são muito questionáv­eis baseadas no seu histórico recente.”

Se H add ad chegara anunciara olongo do segundo turno ono mede Meirelles, por exemplo, os preços do sativos brasileiro­s poderão reagir positivame­nte. Da mesm aforma, se Bolsonar o anunciar o apoio oficial de algunsgran despartido­s do Centrão, haverá um sentimento de euforia no mercado.

Se tudo continuar como está hoje, o segundo turnos erá marcado por inseguranç­a e nervosismo por par tedos investidor­es. E a projeção atu aldo mercado de cresciment­o da economia brasileira em 2019 e 2020, de 2,50%, não passará de mera ilusão.

Se tudo continuar como está hoje, o segundo turno será marcado por inseguranç­a

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